Guerra da Ucrânia

Equipe de Zelensky prepara 'plano de paz' para a guerra com a Rússia, diz jornal

Plano de paz pode ser apresentado perto do aniversário de um ano da guerra; Kremlin nega ter conhecimento do projeto

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, lidera uma reunião do Conselho Nacional de Segurança e Defesa em Kiev. - Serviço de imprensa presidencial da Ucrânia / AFP

A equipe do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, estaria elaborando os pontos para apresentar um plano de paz para a guerra com a Rússia. A informação foi divulgada pelo The Wall Street Journal, citando diplomatas europeus e ucranianos.

De acordo com a publicação, as propostas seriam apresentadas perto do dia 24 de fevereiro, quando o conflito na Ucrânia iniciado com as operações militares da Rússia completaria um ano. 

"A equipe de Zelensky está atualmente trabalhando em um plano e pretende apresentar suas ideias por volta do primeiro aniversário da invasão russa em 24 de fevereiro", diz a publicação.

Foi destacado também que, segundo oficiais dos EUA, Ucrânia e OTAN, a posição de Kiev em qualquer possível negociação dependerá de sua posição no campo de batalha.

Ao comentar a possibilidade da equipe de Zelensky estar preparando um novo plano de paz para a crise, o porta-voz do Kremlin afirmou nesta sexta-feira (23) que Moscou não está ciente de nenhum plano de resolução do conflito: "Não sabemos nada sobre isso", disse. 

"Ouvimos as declarações do presidente Zelensky sobre vários passos, também sobre o plano de paz, mas tudo o que o presidente Zelensky disse até agora foi dito sem levar em conta as realidades atuais, que, de fato, já tomaram forma hoje e que não podem ser ignoradas", disse Peskov a repórteres. 


Joe Biden recebe Volodymyr Zelensky em sua primeira viagem no exterior desde o início da guerra na Ucrânia / Brendan Smialowski / AFP

Os rumores sobre um plano de resolução da crise russo-ucraniana vai na contramão das expectativas de uma escalada do conflito no campo de batalha durante o inverno. Na última quarta-feira (21), durante o encontro de Zelensky e Biden em Washington, a Ucrânia amarrou o apoio financeiro e militar dos EUA para 2023. Vladimir Putin, por sua vez, anunciou o aumento das tropas russas e a determinação de Moscou em cumprir com os objetivos da operação militar no país vizinho. 

Para o analista-sênior do International Crisis Group para a Rússia, Oleg Ignatov, na atual fase do conflito, a principal tarefa da Rússia parece ser "mostrar à Ucrânia e ao Ocidente que a Ucrânia não pode vencer esta guerra". 

De acordo com ele, os recentes êxitos alcançados pela Ucrânia no campo de batalha são perceptíveis no Ocidente e "muitos passaram a achar que a Ucrânia pode vencer esta guerra e expulsar as tropas russas".

"Assim, me parece que o principal objetivo russo agora é manter os territórios que controla, realizar novas operações ofensivas para tentar retomar a iniciativa no front e mostrar à Ucrânia e ao Ocidente que a Ucrânia não vai vencer a guerra", diz Ignatov ao Brasil de Fato

O analista argumenta o conflito entrou em uma fase de "guerra pelo esgotamento", na qual Moscou busca mostrar que "tem mais recursos para condicionar a Ucrânia a sentar na mesa de negociações sob as condições russas".

Em 15 de novembro, o presidente da Ucrânia, ao participar da cúpula do G20 através de uma videoconferência, chegou a listar dez condições de uma "fórmula ucraniana para a paz": segurança nuclear, alimentar e energética, libertação de todos os prisioneiros e deportados, restauração da integridade territorial da Ucrânia, retirada das tropas russas, "retorno da justiça", prevenção de uma escalada, fixação do fim do conflito.

Na ocasião, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, classificou os dez pontos da "fórmula da paz" apresentados por Zelensky como uma recusa em negociar.

O analista Oleg Ignatov argumenta que a Ucrânia não pretende iniciar negociações com Moscou nas condições russas para uma resolução. E como "a Rússia precisa estabelecer as condições em que ela se sinta confortável, são necessárias novas ameaças". 

Edição: Arturo Hartmann