INTERNACIONALISMO

Há 57 anos, movimentos populares realizaram a I Conferência Tricontinental; relembre encontro

Evento centrou bases teóricas do anticolonialismo, não-alinhamento e marxismo-leninismo no Sul Global

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

Ouça o áudio:

Primeira Conferência Tricontinental foi realizada em Cuba em 1966 e sentou bases da luta anticolonial - Granma

A primeira Conferência Tricontinental dos povos da África, Ásia e América Latina aconteceu em Havana, capital de Cuba, entre os dias 3 e 14 de janeiro de 1966, reuniu figuras que se encontraram para estreitar laços entre as forças revolucionárias do mundo. "Uma grande festa da solidariedade internacional", assim Fidel Castro, líder da Revolução Cubana, classificou o encontro.

Alcançar a liberação nacional de antigas colônias e a independência e soberania dos povos do chamado Sul Global estava entre os objetivos que motivaram a realização da Conferência. Foi a partir do encontro que foi fundada a Organização de Solidariedade entre os Povos da Ásia, África e América Latina (OSPAAAL) e se fortaleceu o Movimento de Países Não Alinhados (MNOAL), criado em 1961 pela defesa de um mundo multipolar diante da dualidade entre as potências ocidentais e o campo socialista em plena Guerra Fria. 

Durante 12 dias, 512 delegados de 82 países, entre eles o presidente chileno Salvador Allende, o guatemalteco Luis Augusto Turcios Lima, o guianês Cheddy Jagan, o venezuelano Pedro Medina Silva, o uruguaio Rodney Arismendi e Amílcar Cabral, de Guiné Bissaue e Cabo Verde, Nguyen Van Tien, representante da Frente de Libertação Nacional do Vietnam do Sul, alçaram suas vozes a favor das causas justas.

Entre os consensos da Conferência, estava a ideia de que as relações políticas e econômicas entre África, Ásia e América Latina seriam baseadas nos princípios de igualdade e interesse mútuo, onde nenhum estado promoveria seus próprios interesses às custas de outro. Em termos de economia internacional, a conferência previu uma nova política econômica que via o Sul Global como uma entidade; os delegados concordaram que a relação financeira com o Ocidente não estaria mais sujeita a necessidades unilaterais de desenvolvimento.

Além disso, acordaram condenar a invasão dos Estados Unidos e a Guerra no Vietnã, assim como o bloqueio econômico imposto à Cuba.

Em países da América Latina, como Peru, Venezuela, Guatemala, Nicarágua, e o próprio Brasil, a Conferência Tricontinental e sua mensagem desencadearam atividades revolucionárias, como a criação do grupo guerrilheiro peruano Sendero Luminoso, e a Guerrilha do Araguaia, no Brasil. 

:: Artigo | 50 anos da guerrilha do Araguaia ::

Já no continente africano, a Conferência serviu para fortalecer as guerras por libertação nacional na Angola, Namíbia e a luta contra o apartheid na África do Sul.

* Com informação de Telesur, Granma e Revista Ópera

Edição: Thales Schmidt