Rio de Janeiro

QG DA PROPINA

Ministério Público Eleitoral denuncia Marcelo Crivella por omissão de R$ 1 milhão em campanha

Ex-prefeito do Rio e mais sete pessoas teriam criado esquema que operou na administração pública da capital

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Marcelo Crivella
Em nota, a assessoria do ex-prefeito Marcelo Crivella disse que a denúncia "causou estranheza" - Tomaz Silva/Agência Brasil

O Ministério Público Eleitoral (MPE) denunciou o ex-prefeito e deputado federal eleito Marcelo Crivella (Republicanos) e mais sete pessoas por omissão de recursos na prestação de contas na eleição de 2016 para a Prefeitura do Rio. Segundo a denúncia, a campanha de Crivella omitiu R$ 1 milhão e o valor teria sido recebido de forma clandestina.

Segundo a denúncia, Crivella e os demais denunciados faziam parte do chamado "QG da Propina", esquema que operou na administração pública da capital fluminense e que fez com que o prefeito, que tinha conhecimento de tudo o que acontecia, segundo o MPE, fosse preso no final de 2020, a nove dias do fim de seu mandato.

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O MPE aponta que Rafael Alves, apontado como um dos operadores do esquema, esteve em uma reunião na casa de um empresário às vésperas do segundo turno da eleição para a Prefeitura do Rio, em 2016, e que ele teria pedido R$ 2 milhões a quatro empresários denunciados que participaram do encontro.

Em outra reunião, Eduardo Lopes, também denunciado como mais um operador financeiro da campanha, combinou que os empresários adiantariam o valor de R$ 1 milhão pagos em quatro parcelas de R$ 250 mil para cada um como doação não oficial. O dinheiro seria pago para Rafael Alves.

Em nota, a assessoria de Crivella disse que a denúncia "causou estranheza", já que o MPE já havia afirmado que não havia razão para a deflagração de ação penal, arquivando o processo. O ex-prefeito disse, ainda, que acredita na rejeição da denúncia pela justiça eleitoral.

Investigação

A investigação teve início em dezembro de 2019, com a delação do doleiro Sergio Mizrahy, que confessou ser responsável por lavagem de dinheiro para uma organização criminosa existente dentro da prefeitura carioca.

Segundo Mizrahy, o chefe de tal organização seria o empresário Rafael Alves. Por meio de mensagens interceptadas pela investigação, Alves afirmou que possui “caneta” dentro da Prefeitura do Rio, sugerindo que possui poder de influência sobre as decisões tomadas pelo Executivo. Para os investigadores, a partir dessa influência, desenvolveu-se o esquema de propina. 

Foi no âmbito da Operação Hades que foi veiculada a suposta ligação do prefeito Crivella para o celular de Rafael Alves, então apreendido pela Polícia Civil. Na ligação, os investigadores identificaram a voz de Crivella do outro lado da linha, dizendo: “Alô, bom dia, Rafael. Está tendo uma busca e apreensão na Riotur? Você está sabendo?”.

Edição: Eduardo Miranda