LEVANTAMENTO

Suspeitos de financiar invasão no DF receberam R$ 100 mil de auxílio emergencial

Lista da AGU com supostos financiadores tem beneficiários de programa criado para socorrer trabalhadores na pandemia

Brasil de Fato | Lábrea (AM) |

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Pedindo golpe de Estado, apoiadores destruíram prédios e bens públicos em Brasília - Marcelo Camargo/Agência Brasil

A lista com 59 possíveis financiadores dos ataques às sedes dos Três Poderes em Brasília (DF) contém 19 pessoas que receberam, juntas, R$ 101,77 mil em Auxílio Emergencial durante a pandemia de covid-19.

Os números são de um levantamento feito pelo Brasil de Fato com base em consultas ao Portal da Transparência.

As 52 pessoas e sete empresas tiveram R$6,5 milhões em bens bloqueados pela Justiça Federal, a pedido da Advocacia-Geral da União (AGU). O nomes estão em uma ação protocolada ontem (12) pela AGU. 

Foram bloqueados imóveis, veículos, e dinheiro pertencentes a pessoas ou empresas que contrataram ônibus apreendidos transportando a multidão golpista até o local.

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Cada um dos suspeitos recebeu entre R$ 600 e R$ 11.025 de Auxílio Emergencial em até 16 parcelas. 

Três deles tiveram os pagamentos cancelados ou suspensos logo após receberem as primeiras parcelas. A medida é aplicada quando o beneficiário não cumpre os requisitos ou em casos de recebimento indevido.  

Apenas um beneficiário do Auxílio Emergencial na lista da AGU tinha o Cadastro Único ativo. Os 18 restantes se cadastraram diretamente pelo aplicativo disponibilizado pelo governo federal. 

Auxílio Emergencial foi marcado por erros 

O Auxílio Emergencial foi criado para socorrer trabalhadores informais em dificuldade financeira durante o pico da pandemia de covid-19. A distribuição do benefício, que durou entre 2020 e 2021, foi marcada por fraudes e incompetência na gestão.

Uma auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) descobriu que o Auxílio foi pago a pessoas mortas, menores de idade, membros das Forças Armadas, trabalhadores de carteira assinada, grandes empresários e políticos milionários. 

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Segundo a CGU, 5,2 milhões de pessoas receberam as parcelas de maneira irregular, o equivalente a 7,7 % do total. Por outro lado, quase 30 milhões de pessoas pobres ficaram sem o benefício, conforme cálculo da Rede Brasileira de Renda Básica (RBRB).

Edição: Thalita Pires