Vozes Populares | Fiéis devem combater a intolerância religiosa, afirma Padre Fábio Potiguar

Esta é a primeira edição de uma série com lideranças em referência ao Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa

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Padre Fábio Potiguar sinaliza papel da Arquidiocese de Olinda e de Recife ao definir ações de combate à intolerância religiosa - Foto: Divulgação/Pascom AOR
As religiões devem desempenhar um papel de construir uma sociedade justa e fraterna

Neste mês de janeiro, é celebrado o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, no dia 21. Pela lei, o direito à liberdade de culto já é garantido. A Constituição Federal pontua que é inviolável a liberdade de consciência e de crença, afirmando que deve ser assegurado o livre exercício dos cultos religiosos, bem como a proteção aos locais dos rituais. 

Para debater sobre a garantia desse direito, traremos ao longo do mês lideranças de distintas religiões do Brasil, cristãs e não cristãs. Nesta edição, o Vozes Populares traz o Padre Fábio Potiguar para falar sobre como a Igreja católica tem se posicionado sobre o assunto. 

Fé como valor brasileiro

Cerca de 90% dos brasileiros maiores de 15 anos afirmam seguir uma religião, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Padre Fábio Potiguar nos conta sobre o papel da religião na sociedade. Ele é membro do Instituto Dom Helder Câmara, que realiza no Recife um trabalho de preservação e disseminação dos ideais humanísticos de Dom Helder Câmara, uma figura religiosa católica importante para a cultura brasileira. O líder religioso defendia os Direitos Humanos e lutava por uma Igreja mais próxima dos pobres.

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"As religiões têm uma matriz ética e mística de base comum. E a partir dessa matriz ética de base comum, que é o amor, a justiça, a fraternidade e a paz, valores comuns a todas as religiões, as religiões devem desempenhar um papel de construir uma sociedade justa, fraterna e sócio ecologicamente integrada", pontua o padre. 

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Brasil registra três queixas de intolerância religiosa por dia

Apesar da liberdade ao culto ser direito de todos, o Brasil ainda é um país violento e intolerante nesse sentido, principalmente com as religiões de matrizes africanas, que sofrem racismo religioso. A própria data do dia 21 foi criada após um atentado cometido por fundamentalistas em Salvador, que invadiram um terreiro de Candomblé. 

Os números confirmam isso: em 2022, o país registrou três queixas de intolerância religiosa por dia, de acordo com dados da Secretaria da Justiça e Cidadania. Ao todo, foram 545 denúncias no ano. E dos sete estados com mais casos, três deles são do Nordeste: Bahia, Ceará e Pernambuco

Padre Fábio Potiguar explica que, institucionalmente, a Igreja Católica tem a preocupação de combater essa intolerância. Contudo, é preciso chegar aos fiéis. "A Igreja Católica, pelo menos do ponto de vista oficial, tem desempenhado um papel muito importante no tocante à liberdade religiosa e no enfrentamento à intolerância", sinaliza.

O religioso cita de que maneira a Igreja Católica tem atuado, em diferentes esferas, para pensar em ações de combate à intolerância. "Nós temos em nível de mundo um Conselho de Diálogo Inter-religioso e também ecumênico; nós temos em nível de Brasil, na CNBB [Conferência Nacional dos Bispos do Brasil], essa mesma comissão; e temos a nível de região a Arquidiocese de Olinda e Recife, além de outras dioceses que também possuem a mesma comissão". 

Assim, ele reforça que é preciso crescer na comunidade católica a doutrina da Igreja, uma vez que o ecumenismo e o diálogo inter-religioso são partícipes desta doutrina. "Por vezes a gente se manifesta contrário aos atos de intolerância religiosa. Agora isso é preciso crescer no seio da comunidade católica, do povo de Deus", relata. Cabe aos fiéis se conscientizarem e se sensibilizarem para a questão, dando lugar ao respeito, ao amor e à fraternidade. 

Ouça o programa na íntegra no começo desta matéria.

Edição: Vanessa Gonzaga