O governador do Paraná, Ratinho Jr (PSD), nomeou Rogério Carboni — um homem branco — para chefiar a Secretaria da Mulher e Igualdade Racial do estado. Além deste nome que gerou repercussão negativa, para chefe da Secretaria foi designado o ex deputado processado por fake news, Fernando Francischini. A indicação foi oficializada na edição da última quinta-feira (12) do Diário Oficial (DOEPR).
Carboni foi nomeado no início de janeiro como secretário do Desenvolvimento Social e Família do estado. O Diário Oficial aponta que ele acumulará as funções de ambas as pastas.
A oficialização gerou manifestações de mulheres e organizações nas redes sociais.
Em nota, o governo garantiu que a chefe para a pasta será uma mulher. Disse, também, que a nomeação de Carboni e o acumulo da função foi necessário "para dar andamento a questões burocráticas, já que a pasta foi desmembrada da que Carboni estava à frente, a antiga Secretária de Justiça, Família e Trabalho”.
A indicação de Carboni gerou reações de mulheres e organizações repudiando a indicação.
Pelas redes sociais, a Procuradoria Especial da Mulher da Câmara de Vereadores de Guarapuava repudiou a nomeação de um homem para o cargo, avaliando a nomeação como uma "afronta às lutas pela representatividade".
"É colocar à frente de uma pasta simbólica uma figura que representa o status quo, homens brancos no poder. É o completo oposto das reivindicações que lhe chegarão! É o completo oposto da luta que essa pasta representa".
A presidente do PT e deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR) usou suas redes sociais neste sábado (14) para criticar a nomeação. “Compromisso zero com a luta das mulheres e dos negros na representação institucional e política”, escreveu a presidente do PT.
A vereadora Professora Ana Lúcia (PDT), de Maringá (PR), pediu que o governador Ratinho Jr. indique uma mulher para a pasta. Ela compartilhou uma petição para que mais mulheres estejam em cargos de primeiro escalão do Estado.
Em nota para a imprensa, Ratinho Jr disse que a indicação é provisória. “A nomeação de Rogério Carboni de forma interina foi necessária para dar andamento a questões burocráticas, já que a pasta foi desmembrada da que Carboni estava à frente, a antiga Secretária de Justiça, Família e Trabalho”, explicou.
Francischini será Chefe
Francischini foi cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em outubro de 2021. / Orlando Kissner
Condenado e cassado há dois anos por propagar fake news, o ex-deputado estadual Fernando Francischini (União Brasil) foi nomeado pelo governador Ratinho Jr como um dos chefes de coordenação da Secretaria da Mulher e da Igualdade Racial do Paraná.
Questionado sobre a indicação de Francischini diante da cassação e qual o posicionamento de Ratinho Junior em relação à propagação de fake news, o Governo do Paraná afirmou que não vai se manifestar.
Francischini foi cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em outubro de 2021 com base na Lei Complementar 64/90. Ele afirmou no dia da eleição em 2018, sem apresentar provas, que urnas foram adulteradas para impedir a eleição do presidente Jair Bolsonaro. Ele também perdeu o mandato e se tornou inelegível por abuso de poder político e de autoridade.
