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81 senadores, 82 votos: em 2019, eleição no Senado teve que ser refeita após suspeita de fraude

"Com certeza, o senador ali estava querendo fraudar [a votação]", disse a então senadora Simone Tebet (MDB)

Brasil de Fato | Brasília (DF) |

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Davi Alcolumbre foi eleito presidente do Senado em fevereiro de 2019 e ocupou o cargo por dois anos - Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Há quatro anos, o Senado escolhia Davi Alcolumbre como presidente da Casa pelos dois anos seguintes. A eleição, realizada em 2 de fevereiro de 2019, foi marcada por intensa disputa política, situações inusitadas e até acusação de fraude.

O pleito chegou a ter que ser refeito após 82 cédulas terem sido colocadas na urna, sendo que o número total de senadores é 81. Até hoje, o caso não foi esclarecido. O presidente da sessão, senador José Maranhão (MDB-PB), falou em “equívoco”.

Os senadores Sérgio Petecão (PSD-AC) e Esperidião Amin (PP-SC) disseram que houve “fraude”. A então senadora Simone Tebet (MDB-MS), hoje ministra do Planejamento e Orçamento do governo Lula (PT), afirmou que o caso era "lamentável".

“Não sei se foi a Mesa. Pelo princípio da boa-fé, eu estou querendo acreditar que não foi erro da Mesa, que foi um erro informal. Mas, com certeza, o senador ali estava querendo fraudar. É lamentável. E os dois votos eram para a mesma pessoa. É lamentável”, disse Tebet.

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O impasse sobre a contagem de votos gerou tumulto no Plenário do Senado. Depois disso, as demais cédulas foram trituradas em uma máquina e a votação foi realizada novamente.

A disputa pela Presidência do Senado em 2019 ainda ficou marcada por uma disputa entre Tebet e Renan Calheiros (MDB-AL), companheiros de partido e postulantes ao cargo de comando da Casa Alta.

Antes da votação, Tebet desistiu de concorrer. Renan, por sua vez, também abriu mão de concorrer minutos antes da votação, mas seu nome constou como um dos candidatos.

Alcolumbre, até então um político sem grande projeção, obteve os votos de 42 dos 81 senadores. Renan, que saiu da disputa na última hora, ficou com apenas cinco votos. O amapaense comandou o Senado até janeiro de 2021.

Também participaram da disputa os senadores Fernando Collor (Pros-AL, 3 votos); Reguffe (sem partido-DF, 6 votos); Angelo Coronel (PSD-BA, 8 votos); e Esperidião Amin (PP-SC, 13 votos). Só quatro senadores deixaram de votar, entre eles o próprio Renan Calheiros e Jader Barbalho (MDB-PA).

A eleição do demista foi vista no Congresso como a primeira vitória política do governo de Jair Bolsonaro (à epoca, filiado ao PSL). Depois, porém, o presidente acabou se afastando de Alcolumbre – que, hoje, apoia o governo Lula.

Edição: Vivian Virissimo