RITO ANUAL

Em mensagem ao Congresso, Lula promete diálogo e defende proteção aos Yanomami; leia a íntegra

Texto agradece Legislativo por “compromisso com povo brasileiro” na aprovação de Bolsa Família de R$ 600 e intervenção

Brasil de Fato | Brasília (DF) |

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Mensagem foi lida pelo primeiro-secretário do Congresso Nacional, deputado Luciano Bivar (União Brasil-PE) - Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometeu diálogo permanente e trabalho harmônico com o Congresso Nacional em mensagem lida na abertura do ano legislativo na tarde desta quinta-feira (2). Conforme determina o regimento, o texto foi lido pelo 1º secretário da Mesa Diretora do Congresso, deputado Luciano Bivar (União Brasil-PE).

A mensagem de Lula fez referência direta à tragédia que atingiu o povo Yanomami. O presidente defendeu, além das iniciativas de atendimento médico e nutricional, medidas drásticas, como a retirada de 20 mil garimpeiros “que atuam de forma ilegal no território indígena, assassinando crianças, destruindo florestas e envenenando rios e peixes com mercúrio”.

“O Estado brasileiro voltará a atuar de forma obstinada contra a discriminação e o racismo. As mulheres, as negras e os negros, os povos indígenas e as pessoas com deficiência voltam a ter no Estado um parceiro para suas lutas por igualdade”, afirmou. Clique aqui para ler a íntegra.

Boas relações com Legislativo

Na mensagem, Lula elogiou duas demonstrações de “compromisso com o povo brasileiro” do Congresso: a aprovação da PEC da Transição para viabilizar a execução do Orçamento deste ano, principalmente para o pagamento do Bolsa Família de R$ 600; e a reação ao ato golpista de 8 de janeiro, com a aprovação da intervenção na segurança do Distrito Federal.

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“Reitero minha convicção de que o povo brasileiro rejeita a violência. Ele quer paz para estudar e o direito de sonhar um futuro melhor para si e para os que virão. É urgente enfrentar a fome e as desigualdades, olhando para todos, mas principalmente para os mais pobres, senão jamais conquistaremos verdadeiramente a real democracia”, afirmou Lula.

O presidente criticou a gestão do governo de Jair Bolsonaro (PL), inserindo na mensagem o relatório resumido da equipe de transição que constatou um desmonte das políticas públicas, com falta de recursos para saúde, educação e ciência e tecnologia, “além dos ataques aos povos indígenas e o ataque à proteção da biodiversidade”.  Para Lula, “a gestão do Estado foi relegada, e a transparência deu lugar ao sigilo desproporcional”.

Primeiras medidas

Em relação às primeiras medidas de seu governo, o presidente destacou as novas regras para o controle de armas, a reativação do Fundo Amazônia e a revisão da destinação das multas ambientais. “Vamos tornar o Brasil uma potência ambiental, incorporando empreendimentos da sociobiodiversidade e da agricultura sustentável”, ponderou.

Nas votações no Congresso, citou como prioridade das primeiras semanas a votação das medidas provisórias editadas por ele, como a de reestruturação dos ministérios (MP 1154/23) e a do complemento do Bolsa Família (MP 1155/23).

No curto e médio prazos, priorizou o debate de outros temas estruturantes, como a revisão das regras do teto de gastos e a reforma tributária “para redistribuir a carga de impostos de maneira mais justa”.

Na área de educação, disse que vai apresentar, ainda este ano, propostas para aumento de creches e de escolas em tempo integral, revisão dos orçamentos e aumento de vagas dos institutos federais de ensino, com destaque para o sistema de cotas.

Na área de saúde, destacou a farmácia popular, a ampliação de oferta de atenção especializada, com diminuição de filas para exames e procedimentos e também a retomada das campanhas de vacinação.

Economia

Na economia, Lula disse que irá mandar ao Congresso uma nova política de valorização do salário mínimo, a ser proposta por uma comissão até abril deste ano.

Na área trabalhista, um novo modelo de atuação sindical e de proteção ao trabalho será discutido com as centrais sindicais e com o Congresso “a fim de se alcançar um equilíbrio entre a proteção ao trabalho, a liberdade de empreender e o estímulo ao desenvolvimento”.

Sobre política externa, o presidente pretende fortalecer as relações com os países vizinhos da América Latina e defendeu ainda o multilateralismo em âmbito mundial, com ênfase também nos países africanos.


Com informações da Agência Câmara.

Edição: Rodrigo Durão Coelho