Tragédia Yanomami

Dino anuncia reforços para retirada de garimpeiros ilegais de terras indígenas

O espaço aéreo já foi fechado aos aviões do garimpo, antes incentivados por Bolsonaro, eles fogem pela mata ou rios

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A retirada dos garimpeiros é um grito de socorro antigo do povo Yanomami - Victor Moriyama/ISA

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, anunciou nesta segunta-feira (6) que haverá reforço das forças federais para retirada de garimpeiros ilegais de terras indígenas em Roraima. A medida inclui territórios Yanomami, onde comunidades inteiras têm sido vítimas de desnutrição grave e outras doenças, que mataram pelo menos 570 crianças só em 2022.

“Dando cumprimento ao decreto do presidente Lula, determinei a ampliação da presença da Polícia Federal e da Força Nacional em Roraima, ao longo desta semana. Queremos que a desintrusão das terras indígenas ocorra em PAZ, sem conflitos. Contamos com a colaboração de todos”, escreveu Dino em rede social.

 

 

O ministro se refere ao decreto publicado na última terça-feira (31), com medidas para expulsar os mais de 60 mil garimpeiros das terras Yanomami no estado de Roraima. Entre elas. o controle do espaço aéreo com radares super potentes contra aviões do garimpo. A atividade ilegal foi estimulada pelo governo de Jair Bolsonaro (PL).

Pró-garimpo, governador pediu ajuda para tirar garimpeiros

O governador bolsonarista de Roraima, Antônio Denarium, disse ontem (5) que pediria ajuda do governo federal para a retirada dos garimpeiros ilegais com segurança. Nos últimos dias, desde que as ações do governo Lula foram anunciadas, grupos de garimpeiros ilegais têm fugido pelas matas e rios.

Em nota, o governo afirmou ter pedido aos ministros da Casa Civil, Rui Costa, e da Defesa, José Múcio Monteiro, o apoio necessário para garantir a saída desses trabalhadores que se encontram em área de garimpo e “que escolheram sair daquela região de forma espontânea e pacífica”.

Aliado de Jair Bolsonaro, Denarium está envolvido em uma polêmica sobre os Yanomami. Na semana passada, em entrevistas, inocentou o garimpo da responsabilidade sobre a emergência sanitária. E disse que os indígenas têm de “se aculturar” e que não podem ficar “andando por aí feito bicho”.

O caso foi parar no Ministério Público Federal, que pediu a investigação criminal da fala do governador pró-garimpo. Para amenizar sua situação, resolveu mudar o discurso. E na sexta-feira (3) anunciou parceria com o governo federal para a construção de um abrigo de acolhimento para Yanomami ao lado da Casa de Saúde Indígena (Casai). Ali também está instalado um hospital de campanha da Força Aérea Brasileira (FAB).