CRISE HUMANITÁRIA

Garimpeiros matam três jovens indígenas Yanomami, denunciam lideranças

Escala da violência é consequência da presença de garimpeiros, que começaram a fugir após medidas do governo federal

Brasil de Fato | Lábrea (AM) |
Garimpo Tatuzão, na região do rio Uraricoera na TI Yanomami - Bruno Kelly/Amazonia Real

Lideranças Yanomami relataram o assassinato de três jovens indígenas na região de Homoxi, Terra Indígena Yanomami (RR). Os autores dos crimes seriam garimpeiros que atuam ilegalmente na área.

A denúncia foi repassada ao presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye'Kuana (Codisi-YY), Júnior Hekurari, e divulgada por ele neste domingo (5). As circunstâncias do crime não foram esclarecidas. Cogita-se que os homicídios tenham sido obra dos garimpeiros em fuga. Os cerca de 20 mil garimpeiros ilegais que estavam na região vêm fugindo da Terra Indígena após o governo federal anunciar um plano para a proteção da reserva. 

“O Ministério dos Povos Indígenas (MPI) e a Funai já solicitaram ações imediatas do Ministério da Justiça para uma ação de retirada dos corpos, para que a família possa ao menos realizar o ritual cultural de morte”, informou em nota o MPI. 

A Terra Indígena Yanomami vive uma crise humanitária provocada pela mineração clandestina e pela omissão dos órgãos responsáveis pela proteção dos povos originários. 

Fuga de garimpeiros

Duas semanas após o governo Lula (PT) declarar emergência em saúde na Terra Indígena Yanomami, as medidas de combate ao garimpo ilegal começaram a fazer efeito. Os primeiros registros de garimpeiros fugindo da área protegida foram identificados por lideranças indígenas e pelos governos federal e de Roraima.

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Na Terra Indígena Yanomami, a escalada da violência contra indígenas é uma das consequências da invasão garimpeira, que se acentuou desde 2017 e cresceu quase sem controle durante o mandato de Jair Bolsonaro (PL), notório apoiador do garimpo em terras indígenas. 

Criança morre com desnutrição severa 

No domingo (6), uma criança de um ano e cinco meses morreu com desnutrição severa e desidratação na região Haxiu, uma das áreas mais afetadas pelo garimpo ilegal, perto da fronteira com a Venezuela. 

A criança seria levada para tratamento em Boa Vista (RR), mas as chuvas intensas impediram que o helicóptero levantasse voo. Segundo Junior Hekurari, o transporte já havia sido autorizado pelo Exército. "Foi uma fatalidade", lamentou a liderança. 

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Outro resultado da mineração ilegal é o crescimento da fome, desnutrição, malária, pneumonia e contaminação por mercúrio. O Ministério Público Federal de Roraima (MPF-RR) estima que 20 mil garimpeiros atuam no território onde vivem 30 mil indígenas Yanomami e Yek'uana.   

Edição: Rodrigo Durão Coelho