ACORDÃO

Presidenta do Peru se reúne com líderes de partidos de direita para negociar eleições em 2023

Congresso rechaçou adiantamento das eleições em duas votações seguidas, apesar de protestos que já duram mais de 2 meses

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Dina Boluarte se reúne com Keiko Fujimori para negociar adiantamento das eleições gerais no Peru - Presidência Peru

A presidente do Peru, Dina Boluarte, se reuniu nos últimos dias com os líderes das duas maiores bancadas do Congresso, ambas de direita, com o objetivo de selar uma aliança que garanta a aprovação do último projeto capaz de antecipar as próximas eleições presidenciais para uma data ainda em 2023.

Os encontros aconteceram no Palácio Pizarro, sede do Poder Executivo peruano, em Lima. Primeiro, a mandatária recebeu a líder do partido Força Popular, Keiko Fujimori, filha do ex-ditador Alberto Fujimori, na noite desta quarta-feira (15/02). Na manhã desta quinta (16/02), foi a vez de César Acuña, do partido ultraliberal Aliança pelo País (APP).

Segundo o jornal La República, Boluarte pretende selar um acordo com diferentes bancadas para tentar a aprovação do projeto governamental que prevê eleições gerais no país em outubro de 2023, com possível segundo turno em novembro, mas sem a realização de um referendo para convocação de uma assembleia constituinte.

 

O projeto está paralisado no Congresso e a iniciativa para retomar sua discussão precisa de maioria simples, ou seja, 66 votos a favor de um total de 130. Essa votação deve acontecer amanhã, já que o governo teria conseguido o apoio de ambos os partidos de direita.

O problema será conseguir a aprovação da proposta em si, que por ser uma reforma constitucional requer um quórum de dois terços, ou seja, 87 votos favoráveis. Este projeto do governo é o quarto que tenta antecipar uma eleição que está programada para acontecer em abril de 2026. Todas as iniciativas fracassaram até agora – algumas sequer atingiram a maioria simples.

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A imprensa peruana não informou se Boluarte pretende se reunir também com os representantes dos partidos de Esquerda, como Peru Livre (ex-partido da presidente) e Juntos Pelo Peru, os quais têm sido decisivos para a não aprovação dos projetos anteriores, devido a que estes exigem que seja incluído um referendo constituinte no primeiro turno das hipotéticas eleições de 2023.

Desde o início da crise política no Peru – após a destituição do agora ex-presidente Pedro Castillo, em 7 de dezembro de 2022 –, o país registrou diversas grandes manifestações em várias cidades do país, nas quais as organizações sociais desconhecem a autoridade de Boluarte, exigem a antecipação das eleições e também a realização do referendo constituinte.

Vale lembrar que a atual carta magna peruana, rechaçada pela maioria da população, foi imposta em 1993 pelo então ditador Fujimori, pai de Keiko e fundador do partido Força Popular, dono da maior bancada do Congresso, que se recusa a aprovar qualquer iniciativa que coloque em risco o legado do seu líder maior.