Foram dois anos de muita espera, aflição e ansiedade e neste sábado (18), o folião pernambucano finalmente matou a saudade do Galo da Madrugada, tradicional bloco do bairro de São José, no centro do Recife, que há 44 edições arrasta uma multidão.
Como diz um hino famoso no carnaval local, a festa só começa mesmo no Galo. O clima entre os foliões era de reencontro e euforia. Ao longo dos cerca de seis quilômetros do percurso, foram mais de trinta trios elétricos, com atrações locais e nacionais, levando samba, frevo, brega e muito animação para a festa.
Em um dos trios, convidada pelo Maestro Spock, a cantora paraense Fafá de Belém deu o tom do carnaval este ano: "é o reencontro do país com a alegria, a felicidade e com a negritude".
Este ano, a alegoria do Galo da Madrugada, que fica instalada na Ponte Duarte Coelho, prestou homenagens à cultura afro-brasileira e a contribuição do povo negro na formação social e cultural do país.
Em vários momentos do bloco, os artistas traziam mensagem sobre a importância da diversidade e o respeito às diferenças. Ao longo do percurso, várias ações de marketing do bloco espalhavam a ideia do #xôpreconceito.
Além de Fafá de Belém, outros nomes da música nacional também se apresentaram no Galo, como Chico César, Maria Gadú, Gaby Amarantos e Pablo Vittar. A ex-BBB, Juliette, também participou do bloco e fez uma participação especial no trio elétrico do pernambucano Romero Ferro.
A ministra da Cultura, Margareth Menezes, esteve presente no bloco e fez uma participação no trio elétrico comandado pelo cantor Almir Rouche, cantando sucessos consagrados da sua carreira. Luciana Santos, ministra de Ciência e Tecnologia, também marcou presença.
JULIETTE NO GALO DA MADRUGADA com o próprio galo 😍❤ kkkkkk… pic.twitter.com/yhuDZaDt7b
— Juliette (@juliette) February 18, 2023
Acorda, Recife acorda! É dia de Galo da Madrugada🐔, minha gente, o maior bloco de rua do mundo.
Nosso galo ancestral levanta a bandeira contra o racismo e grita XÔ, PRECONCEITO!
Vem timbora se unir a esse bloco tão importante porque hoje vai gerar 😎! pic.twitter.com/lEh0O6XANx
— Prefeitura do Recife (@prefrecife) February 18, 2023
Ícones da cena brega local, como Michele Melo e Conde Só Brega, também desfilaram em um dos trios e animaram a multidão.
Este ano, o tema do Galo foi "Viva a Vida, viva o Frevo, viva Enéas". Enéas Freire é um dos fundadores do bloco, nos anos 1970. Os homenageados foram o artista plástico Ary Nóbrega e o cantor Claudionor Germano, intérprete consagrado dos frevos pernambucanos.
Tem mais Galo em São Paulo
E a festa do Galo não termina no sábado de Zé Pereira. Ele volta às ruas na terça-feira de Carnaval, mas em São Paulo, no circuito do Ibirapuera. A expectativa dos organizadores é que o bloco pernambucano arraste uma multidão de 500 mil pessoas na edição paulista. Dois trios elétricos devem animar a festa.
Que SHOW foi esse, minha gente? 😍♥️@caetanoveloso , a luz de tieta, no palco do Marco Zero fez o coração recifense bater mais forte e a pele arrepiar. #CarnavalDoRecife #CaetanoVeloso #Carnaval2023 #VolteiRecife pic.twitter.com/9Lwj1lcAuN
— carnavalrecife (@carnavalrecife) February 18, 2023
Um carnaval de encontros e reencontros
A abertura oficial do carnaval do Recife foi na noite desta sexta-feira (18), na praça do Marco Zero, área central da cidade. Um dos homenageados da festa este ano, o cantor e compositor Geraldo Azevedo foi o anfitrião de convidados animados, como a cantora Fafá de Belém, Chico César, Alceu Valença, Elba Ramalho, Lula Queiroga e outros artistas.
Juntos, fizeram desse momento um grande reencontro, relembrando sucessos de Azevedo e hinos do carnaval pernambucano.
Uma das atrações mais esperadas da noite, Caetano Veloso subiu ao palco por volta das 23h30 e animou o público com clássicos do seu repertório, entre eles a música "Você não entende nada".
Não faltou frevo no show do músico baiano, que em um momento do show falou sobre a importância do ritmo pernambucano para o carnaval de Salvador:
"Acho que em 1949 o Vassourinhas foi a Salvador e isso motivou Osmar e Dodô a comporem frevos e tocarem instrumentos elétricos que eles mesmos construíram. O que depois veio a se chamar de trio elétrico. Em larga medida, o carnaval da Bahia é uma eterna homenagem grata ao carnaval do Recife".
