Quebrou jejum

Com enredo sobre Lampião, Imperatriz Leopoldinense vence o carnaval do Rio

Escola de Ramos, na zona norte, Imperatriz é campeã do carnaval do Rio depois de 22 anos

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Imperatriz Leopoldinense - Reprodução

Depois de 22 anos, a Imperatriz Leopoldinense conquistou o título do carnaval carioca. Foi a nona vitória da escola de Ramos, subúrbio da zona norte do Rio de Janeiro. Com vários autores e interpretação de Pitty de Menezes, o enredo falou de Lampião, o “rei do cangaço”.

A apuração foi realizada na tarde desta quarta-feira (22) no Sambódromo do Rio, na região central. Com apenas um décimo a menos, a Viradouro terminou em segundo lugar e a Vila Isabel, em terceiro. Já a Império Serrano foi rebaixada.

Céu e inferno

A história da Imperatriz conta uma fábula em que Lampião, ao morrer, não foi aceito nem no inferno e nem no céu. Assim, “conseguiu uma coisa que poucos brasileiros conseguiram, que é a eternidade”, disse em entrevista ao portal g1, antes do desfile, o carnavalesco Leandro Vieira. “Então, nem bom, nem mau; eterno”, acrescentou. (Confira o samba abaixo.)

Em São Paulo, onde a apuração foi realizada ontem (21), a Mocidade Alegre, da zona norte, ganhou o título do grupo principal. Foi sua 11ª vitória. No acesso, as vencedoras foram as tradicionais Vai-Vai e Camisa Verde e Branco, que sobem no lugar das rebaixadas Estrela do Terceiro Milênio e Unidos de Vila Maria.

O aperreio do cabra que o Excomungado tratou com má-querença e o Santíssimo não deu guarida”

Imperatriz veio contar pra vocês
Uma história de assombrar, tira sono mais de mês

Disse um cabra que nas bandas do Nordeste
Pilão deitado se achegava com o bando
Vinha no rifle de corisco e cansanção
Junto de Cirilo Antão, Virgulino no comando

Deus nos acuda, todo povo aperreado
A notícia corre céu e chão rachado
Rebuliço no olhar de um mamulengo
Era dia 28 e lagrimava o sereno

E foi-se então… Adeus, capitão!
No estouro do pipoco
Rola o quengo do caboclo
A sete palmos desse chão

Nos confins do submundo onde não existe inverno
Bandoleiro sem estrada pediu abrigo eterno
Atiçou o cão cá-trás, fez furdunço
E Satanás expulsou ele do Inferno

O jagunço implorou lugar no Céu
Toda santaria se fez de bedel
Cabra-macho excomungado de tocaia no balão
Nem rogando a Padim Ciço ele teve salvação

Pelos cantos do sertão… Vagueia, vagueia
Tal qual barro feito a mão misturado na areia

Quando a sanfona chora, mandacaru aflora
Bate zabumba tocando no meu coração
Leopoldinense, cangaceiro, a minha escola
Eis o destino do valente Lampião