Aliança

Principal diplomata chinês encontra Putin em Moscou e defende relações 'sólidas como uma rocha'

Após visita de Wang Yi, China e Rússia divulgam nota conjunta atacando a "confrontação de blocos"

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Wang Yi e Putin em reunião no Kremlin, em Moscou - Anton Novoderezhkin / Sputnik / AFP

Poucos dias antes de a guerra na Ucrânia completar um ano de duração (neste 24 de fevereiro), o principal diplomata chinês, Wang Yi, esteve em Moscou na primeira visita à Rússia de um oficial da China desde o início dos embates. Nesta quarta-feira (22), Yi esteve com o presidente Vladimir Putin, o ministro das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, e o secretário do Conselho de Segurança, Nikolai Patrushev.

"No contexto de uma situação internacional muito complexa e volátil, as relações sino-russas resistiram à pressão da comunidade internacional e estão se desenvolvendo de forma muito constante", disse Yi durante a reunião com Putin. "Também estamos prontos para enfatizar que nossas relações nem sempre são direcionadas a terceiros países e, claro, não estão sujeitas a pressões de terceiros, já que temos uma base muito forte – da economia, da política e da cultura".

De acordo com o jornal South China Morning Post, Yi afirmou em reunião com Patrushev que a relação entre os dois países é "sólida como uma rocha".

No dia 4 de fevereiro de 2022, o presidente da Rússia, Xi Jinping, recebeu Putin em Pequim. Na ocasião, os dois países celebraram acordos de cooperação econômica e criticaram a expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). No dia 24 de fevereiro, os exércitos russos invadiram a Ucrânia.

Em setembro do mesmo ano, Putin buscou dirimir algumas ressalvas de Pequim quanto a ações de Moscou na Ucrânia, ao afirmar que entendia as "preocupações" chinesas com o conflito. Isso ocorreu após encontro de Xi Jinping e Putin durante a cúpula da Organização de Cooperação de Xangai.

A recente visita de Yi, que é ex-ministro das Relações Exteriores e diretor do escritório geral do Comitê Central de Relações Exteriores, pode abrir caminho para uma viagem do próprio Xi Jinping para Moscou. De acordo com a agência russa Tass, Putin afirmou esperar o presidente chinês para garantir "um ímpeto adicional para nossas relações" e que há um acordo nesse sentido. Os chineses, todavia, ainda não confirmaram oficialmente a viagem de Xi.

O Wall Street Journal publicou que Xi pode ir para Moscou em abril ou no início de maio.


Prédio residencial danificado após um ataque russo na cidade ucraniana de Zaporozhye, em 10 de outubro de 2022. / Polícia Nacional da Ucrânia / AFP

Conversa com os ucranianos

Em registro no jornal estatal chinês Global Times, o foco sobre a visita de Wang Yi está no fato de que a China buscará encontrar um caminho para a paz já que até o momento todas as tentativas de países ocidentais colocaram Mais "lenha na fogueira". O texto ressalta que Yi afirmou durante a Conferência de Segurança de Munique que a China apresentará um plano com sua proposta para alcançar a paz na Ucrânia.

Durante a Conferência de Segurança de Munique, no sábado (18), Yi encontrou o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba. De acordo com a chancelaria chinesa, o diplomata chinês destacou na ocasião que Pequim defende o diálogo e a paz e o representante ucraniano ressaltou a importância da China na arena internacional.

"Não queremos ver uma crise prolongada e ampliada na Ucrânia e, junto com a comunidade internacional, estamos dispostos a impedir que a situação se agrave ainda mais", disse Yi durante o encontro.

Edição: Arturo Hartmann