Rumos da estatal

Gleisi defende revisão de preços da Petrobras para evitar aumento de combustíveis

Presidenta do PT afirma que reoneração de impostos só pode ocorrer após mudança na política de preços da Petrobras

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“Fazer isso agora é penalizar o consumidor” - Wilson Pedrosa/Fotos Públicas

A presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), se posicionou contra a reoneração dos combustíveis. Valem somente até a próxima terça-feira (28) as isenções de impostos federais – PIS/Pasep e Cofins – que incidem sobre o álcool e a gasolina. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve reunião nesta sexta-feira (24) com o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, para tratar do tema. Os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Silveira (Minas e Energia) também participaram. Mas, até o momento, nenhuma decisão ou declaração foi divulgada.

A equipe do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defende a volta imediata dos tributos como forma de equilibrar as contas públicas. Gleisi, no entanto, diz que antes é preciso mudar a política de preços da Petrobras. Suas declarações dão o tom da ala política do governo, que teme o impacto na inflação da volta dos tributos, com prejuízos à população.

Dolarização

A PPI a que Gleisi se refere é a política de Preço de Paridade de Importação. Implementada em novembro de 2016, durante o governo de Michel Temer, após o golpe do impeachment. O PPI dolarizou os preços dos combustíveis no Brasil. Mais do que isso, a Petrobras passou a formar os preços dos combustíveis como se fossem 100% importados, considerando custos de transporte e taxas de importação inexistentes.

O PPI garantiu lucros extraordinários aos acionistas, por conta da alta dos preços dos derivados do petróleo em função das tensões com a Rússia e a consequente invasão à Ucrânia em fevereiro de 2022. Além disso, o PPI também garantiu ganhos aos importadores de combustíveis que passaram a atuar no Brasil.

Assim, para conter a alta dos preços dos combustíveis, em vez de abandonar o PPI, o que acarretaria perdas aos acionistas, o governo Bolsonaro decidiu sacrificar os cofres públicos. Assim, não só desonerou impostos federais, como também fez passar no Congresso o teto do ICMS sobre os combustíveis, impondo perdas bilionárias na arrecadação de estados e municípios.

No início do ano, o novo governo prorrogou por mais dois meses a isenção dos impostos federais. Assim, a declaração de Gleisi sinaliza para uma possível nova prorrogação, por pelo menos mais dois meses, até que a direção da Petrobras estabeleça uma nova política de preços.

“Abrasileirar” os preços

Durante a campanha, Lula disse, em diversas ocasiões, que trabalharia para “abrasileirar” os preços dos combustíveis no Brasil. Isso porque quase 100% dos custos dos combustíveis produzidos no Brasil são em reais. Por outro lado, as importações respondem a cerca de 25% do diesel e menos de 20% da gasolina consumidos no país.

Prates, no entanto, afirmou no mês passado que não vai intervir nos preços dos combustíveis. E reforçou que “todo o preço será vinculado internacionalmente de alguma forma”. Ainda assim, dá para esperar que uma nova política de preços acompanhe a variação do petróleo no mercado internacional, mas considere os custos de produção em real. Além disso, ao abandonar o PPI, os valores referentes ao frete e às taxas de importação – que já não existem – também seriam cortados.