Luta das mulheres

Na França, luta das mulheres ocupa o centro de manifestações contra reforma da Previdência

Paralisações dão especial significado ao Dia Internacional das Mulheres e já levou mais de 1 milhão às ruas

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Manifestação feminista do 8M na França defende que "lutar pela igualdade é o ano todo" - Solidaires/SUD

Pela primeira vez na história da França, os sindicatos convocaram uma greve geral de dois dias que se estenderá até 8 de março, Dia Internacional das Mulheres. A mobilização geral começou nesta terça-feira (7) e tem dado vazão a protestos generalizados em todo o país. Há, ainda, outro ineditismo: desde maio de 1968 os sindicatos não lançavam um apelo conjunto para uma greve geral que durará mais de 24 horas. 

Embora as ações em torno da data tenham crescido em força nos últimos anos, espera-se que estas mobilizações sejam particularmente poderosas. Agora são os movimentos sociais, como um todo, e não apenas o movimento feminista, que está convocando a greve no Dia Internacional das Mulheres. 

Nas últimas semanas, houve uma proliferação sem precedentes de iniciativas e assembleias, bem como reuniões para tentar ampliar o escopo de reinvindicações. 

Ligações entre os direitos das mulheres e à saúde

Este ano, as ações do Dia Internacional das Mulheres na França serão direcionados aos trabalhadores que serão os primeiros a experimentar os efeitos da reforma previdenciária de Macron, muitos dos quais são mulheres - a maioria está em empregos informais, sem plano de carreira e salários inadequados.

Um comunicado de imprensa conjunto de oito confederações sindicais francesas e das cinco associações de estudantes está pedindo uma ação sobre as desigualdades que as mulheres ainda estão experimentando no local de trabalho. "Mesmo em 2023, os salários permanecem em média 25% inferiores aos dos homens", advertem as associações em seu comunicado.

A diferença de renda persiste também após a aposentadoria, de acordo com os sindicatos e as associações estudantis. "O dobro das mulheres [em relação aos homens] trabalha até os 67 anos de idade, a idade máxima de aposentadoria, mas elas recebem pensões que são 40% menores. Além disso, 40% das mulheres são obrigadas a se aposentarem mais cedo e, portanto, recebem apenas uma pensão parcial", disseram.

Os sindicatos e movimentos populares também pedem o reconhecimento do vínculo entre os direitos das mulheres, dos trabalhadores e da saúde. Em documento produzido pela Solidaires Unitaires Démocratiques (SUD), a Confederação Geral do Trabalho (CGT), a Coordenação Nacional dos Comitês de Defesa de Hospitais, além de maternidades e coletivos como a Printemps de la Psychiatrie, as organizações fazem um chamado à união contra a reforma previdenciária. 

"Nos dias 7 e 8 de março, nos unimos para bloquear a inaceitável reforma previdenciária e as políticas que estão destruindo nossos sistemas de saúde e previdência social", declaram as associações em seu comunicado de imprensa.

Por ocasião de 8 de março, o coletivo nacional Nossa Saúde em Perigo e outras 25 organizações lançaram um chamado para diversas ações.

"Vamos nos mobilizar juntos para combater políticas nocivas e realizar nossas demandas de acesso à saúde e apoio social para todos, em todo o país, e sem discriminação financeira, geográfica, cultural, digital, social, de gênero, de origem ou administrativa", convocam.

Abordagem global da sociedade em relação aos direitos da mulher

Um coletivo nacional de 31 associações feministas e sociais, incluindo o Movimento de Saúde Popular da França, lembra a todos aqueles que irão se juntar aos protestos que "8 de março não é o Dia das Mães nem o Dia da Mulher - é o dia internacional de luta pelos direitos da mulher".

A percepção do coletivo sobre os direitos da mulher é apoiada por diversas associações locais e 11 partidos de esquerda. Dessa forma, o 8 de março deste ano cresceu e tornou-se um momento chave para exigir o fim das desigualdades sociais e econômicas como um todo.