OPERAÇÃO LESA PÁTRIA

Polícia Federal prende PM suspeito de ensinar táticas de guerrilha a golpistas em Brasília

Major Cláudio Mendes dos Santos seria uma das lideranças do acampamento terrorista instalado em frente ao QG do Exército

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A maior parte dos suspeitos detidos deve responder por crimes como dano qualificado, abolição violenta do Estado de Direito e golpe de Estado - Marcelo Camargo/Agência Brasil

A nona fase da Operação Lesa Pátria, da Polícia Federal, prendeu nesta quinta-feira (23) um policial da reserva da Polícia Militar do Distrito Federal, acusado de ser uma das lideranças do acampamento golpistas instalado em frente ao Quartel-General do Exército em Brasília. De acordo com a PF, o major Cláudio Mendes dos Santos é suspeito de “incitar os atos antidemocráticos” que vandalizaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília, em 8 de janeiro. 

O PM também de acusado de ser um dos administradores dos recursos que financiavam as ações terroristas. Além de ser apontado como o responsável por ensinar táticas de guerrilha aos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Santos foi encontrado pela manhã na região do Riacho Fundo, onde foi alvo de mandado de prisão preventiva.

“Os fatos investigados constituem, em tese, os crimes de abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime, destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido”, destacou a PF em nota à imprensa. Até o momento, há quatro linhas de investigação sobre os ataques bolsonaristas. Uma investiga os autores intelectuais dos atos criminosos que, segundo o jornal Folha de S. Paulo, pode chegar a Bolsonaro. 

As investigações

Em outra frente, a PF mapeia os financiadores e responsáveis pela logística do acampamento e transporte dos golpistas. Já o terceiro foco da apuração é a identidade dos vândalos. A polícia quer individualizar a conduta de cada um dos envolvidos na depredação dos prédios públicos da capital federal. Além disso, a corporação também atua para apontar as autoridades omissas no 8 de janeiro. Na oitava fase da Operação Lesa Pátria, por exemplo, no último dia 17, foram cumpridos 32 mandados de prisão e 46 de busca e apreensão. 

Ainda na semana passada, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes também concluiu as análises das prisões de todos os suspeitos detidos nos dias seguinte após os ataques na Esplanada dos Ministérios. Relator do caso, Moraes rejeitou os pedidos de liberdade de 86 mulheres e 208 homens que tiveram condutas consideradas graves. Ao todo, os 294 suspeitos foram mantidos em prisão preventiva. A maior parte deles deve responder por crimes como dano qualificado, abolição violenta do Estado de direito e golpe de Estado. 

Convocação na CPI no DF 

Em outra frente, deputados distritais também seguem com a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos. Nesta quinta, eles aprovaram requerimento para convocar o general Gustavo Henrique Dutra de Menezes. Ele era chefe, desde abril de 2022, do Comando Militar do Planalto, mas deixou o cargo sob desconfianças após os atos golpistas. Desde então, Dutraz Menezes é sub-chefe no Estado-Maior do Exército (EME). 

Os parlamentares também votaram pelo convite para oitiva do atual ministro chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI), Marco Edson Gonçalves Dias. Ele assumiu o comando da GSI sob a missão de expurgar os integrantes mais ideologizados do gabinete, principalmente após a omissão do órgão no 8 de janeiro. O general da reserva do Exército também é conhecido por ter cuidado da segurança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em seus primeiros mandatos. 

Na mesma sessão, foram aprovados 10 requerimentos autorizando a quebra de sigilo bancário, fiscal, telefônico e telemático de bolsonaristas presentes aos atos golpistas.