Queda de braço

Tarcísio impede na Justiça a liberação das catracas e greve no metrô de SP continua

Com liminar, governo rompe acordo anterior, em que metroviários voltariam aos postos se população não pagasse a tarifa

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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O Sindicato dos Metroviários acusa o governo de Tarcísio de Freitas de aplicar um golpe nos acordos envolvendo a greve - Marcelo Camargo/Agência Brasil

Greve de metroviários, ruas congestionadas, promessa de catracas liberadas, idas e vindas na Justiça do Trabalho: a quinta-feira (23) amanheceu intensa em São Paulo. Em assembleia concluída às 14h, os trabalhadores decidiram manter a paralisação que iniciaram às 0h. 

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), depois de anunciar no Twitter o retorno das operações do Metrô com a liberação da entrada gratuita no Metrô - como se a proposta feita pelos grevistas tivesse sido do governo do Estado -, conseguiu evitar a catraca livre na Justiça. 

A liminar, publicada às 10h18 desta quinta (23), determina que o Metrô funcione com uma frota mínima e a cobrança de passagens. O desembargador plantonista Ricardo Apostolico Silva determinou que 80% do efetivo do metrô trabalhe nos horários de pico (entre 6h e 10h e entre 16h e 20h) e que 60% atue nos demais horários, enquanto a paralisação durar. Caso não acate, o Sindicato dos Metroviários pode receber multa de R$500 mil por dia.  

"A população, os metroviários e até a imprensa tomamos um golpe de Tarcísio de Freitas. Nós propusemos, para não prejudicar a população, trabalharmos com a catraca livre. Ele aceitou, fomos aos postos de trabalho e ele deixou as estações fechadas até conseguir a liminar", relata Dagnaldo Pereira, do Sindicato dos Metroviários.  

"A categoria mantém a greve até ele [Tarcísio de Freitas] sentar com os trabalhadores para conversar e termos uma proposta para resolver esse caos que está em São Paulo", afirma Pereira. 

Segundo os metroviários, a mobilização tem como pano de fundo a luta contra um processo de sucateamento que visa legitimar a privatização do transporte público. Os trabalhadores demandam o pagamento do abono salarial, a revogação de demissões por aposentadoria e novas contratações. 

O Brasil de Fato entrou em contato com a Companhia do Metropolitano de São Paulo, que se limitou a enviar uma nota com a decisão do juiz que a favoreceu.  

"Para retomar as operações, a condicionante era a liberação da catraca. Tendo em visto o recuo do governo, a gente retoma de onde a gente parou", destaca Alex Santana, diretor da Federação Nacional dos Metroviários (Fenametro). A próxima assembleia da categoria está marcada para as 18h30 desta quinta-feira (23).

No intervalo de 12h, Justiça toma duas decisões opostas 

O juiz Ricardo Apostolico Silva desfez decisão anterior, tomada às 22h desta quarta-feira (22) pelo mesmo Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-2). Nela, a juíza Eliane Aparecida da Silva Pedroso havia negado um pedido da patronal para impedir a liberação das catracas. "O empregador", havia afirmado a magistrada, não tem "o poder de impor um plano de contingência": "Seria, aliás, paradoxal que o empregador ditasse os rumos e meios da greve". 

Para a juíza Pedroso, a empresa estatal, ao não concordar com a liberação das catracas, assume "conduta antissindical", "provocando, aí sim, prejuízos às necessidades inadiáveis da comunidade". 

Edição: Thalita Pires