Decisão

Conselho de Segurança da ONU rejeita investigação sobre explosão do Nord Stream

Resolução apresentada por Rússia e China não obteve número necessário de votos

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Vazamento do Nord Stream - Ministério da Defesa da Dinamarca / AFP

O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) votou nesta segunda-feira (27/03) uma proposta de resolução apresentada por Rússia e China que pedia uma investigação internacional sobre as explosões que ocorreram nos gasodutos Nord Stream, em setembro do ano passado.

No entanto, a iniciativa não obteve o apoio necessário para sua aprovação, já que apenas três países votaram a favor da resolução: além dos autores da iniciativa, o Brasil também respaldou o texto, que teve zero votos contrários. Todos os demais membros do Conselho se abstiveram.

O resultado causou indignação do representante da Rússia na ONU, Vasily Nebenzia. “Apresentamos esta iniciativa porque temos sérias e muito razoáveis dúvidas sobre a objetividade e transparência das investigações realizadas por alguns países europeus. Infelizmente, o que vimos aqui é uma falta de vontade de cooperar com as partes afetadas, em particular com o nosso país, que foi o mais afetado”.

A declaração de Nebenzia se refere às investigações promovidas por Alemanha, Dinamarca e Suécia e os indícios de que estas estariam ocultando as evidências de que houve uma sabotagem ao gasoduto.

O argumento dos países europeus que compõem atualmente o Conselho de Segurança (França, Reino Unido, Albânia, Suíça e Malta) para justificar sua abstenção foi justamente que “primeiro devemos aguardar as conclusões das investigações já em curso”. Também foi a posição apresentada pelos Estados Unidos.

“Essas investigações [europeias] podem durar anos, e terminar com uma conclusão ineficaz e sem transparência. Um tempo valioso está se esgotando e há suspeitas crescentes de que os esforços dessas investigações não visam esclarecer as circunstâncias, mas para esconder provas e limpar a cena do crime”, completou o representante russo.

Nebenzia também questionou o fato de que Moscou vem tentando se corresponder com autoridades de Alemanha, Suécia e Dinamarca para obter informações sobre as investigações realizadas por esses países, mas que “não recebeu nada além de respostas burocráticas”.

O Caso Nord Stream

Em 26 de setembro, os gasodutos Nord Stream, que transportavam gás russo para a Alemanha, foram afetados por fortes explosões nas zonas econômicas exclusivas da Suécia e da Dinamarca. Consequentemente, vazamentos de gás foram detectados no mar e as autoridades de vários países atribuíram os incidentes a possíveis atos de sabotagem.

Dias depois, o presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que “por trás desses ataques está alguém capaz de organizar tecnicamente as explosões e que já recorreu a esse tipo de sabotagem, foi pego em flagrante, mas ficou impune”. O presidente também indicou que o incidente foi benéfico para os Estados Unidos, que agora “podem fornecer recursos energéticos a preços mais altos”.

Em fevereiro passado, foi divulgada a investigação do jornalista norte-americano Seymour Hersh, revelando que a Casa Branca estava por trás do ataque.

O artigo de Hersh [vencedor do Prêmio Pulitzer em 1999] afirma que mergulhadores da Marinha norte-americana colocaram os explosivos no gasoduto em junho de 2022, em ação que foi encoberta pelo exercício militar BALTOPS 22, realizado pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).