Reforma agrária

Famílias sem terra fecham rodovia após despejo na Chapada Diamantina, na Bahia

Trabalhadores afirmam que só deixarão a área após diálogo com empresa, Incra e MDA

Brasil de Fato | Salvador (BA) |
Famílias despejadas fecharam a rodovia BA-250 e aguardam negociação - Coletivo de Comunicação MST-BA

Na manhã desta quarta-feira (29), centenas de famílias trabalhadoras rurais fecharam a rodovia BA-250, no trecho que liga o município de Maracás (BA) a Lagedo do Tabocal (BA), denunciando o despejo que ocorreu na terça (28) na área que pertence à empresa Ferbasa. Desde o dia 28, as famílias seguem acampadas próximo ao local e aguardam uma possível abertura de diálogo com a empresa e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

A fazenda abandonada foi ocupada pelas famílias em novembro de 2022. De acordo com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a área destinada ao monocultivo de eucalipto estava abandonada há anos. As famílias que foram despejadas da fazenda já estavam em processo organizativo para plantar alimentos agroecológicos.

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Famílias foram despejadas de fazenda de monocultivo de eucalipto abandonada / Coletivo de Comunicação MST-BA

As cerca de 160 famílias seguem acampadas ao lado da área desocupada e afirmam que a empresa tem enviado seus seguranças para fazer ameaças. Os trabalhadores informam que só sairão da área quando a Ferbasa, o Incra e o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) garantirem um diálogo para resolver o problema.

As famílias são formadas por trabalhadoras e trabalhadores que viviam nas periferias do entorno e se encontravam em dificuldades. Elas reclamam da ausência do Estado na região em conflito e aguardam que uma negociação sobre a área seja iniciada.

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Em nota enviada ao Brasil de Fato, a Ferbasa afirma que "sempre esteve aberta ao diálogo com o MST e demais envolvidos". A empresa afirma ainda que vem atuando no sentido de fazer cumprir a desocupação "de forma pacífica e ordeira" e lamenta a obstrução da BA-250 por parte do movimento, "principalmente pelos transtornos causados à população local".

Por meio de nota, a Superintendência Regional do Incra na Bahia disse reconhecer as famílias manifestantes como "público potencial a ser atendido pelo Programa Nacional de Reforma Agrária, desde que atendam os pré-requisitos legais". O órgão afirmou ainda que está em contato com as partes para instaralar uma mesa de negociação sobre a questão.

* Matéria atualizada no dia 31/03, às 11:06, para acréscimo de informações.

Fonte: BdF Bahia

Edição: Gabriela Amorim