A Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie) realizou uma conferência de imprensa nesta segunda-feira (03/04) para reagir ao decreto anunciado no dia anterior pelo presidente do país, Guillermo Lasso, que autorizou a posse e o porte de armas por civis.
“Esta medida vai provocar um clima de terror constante na população e gerar mais violência, crimes e assassinatos” afirmou o porta-voz da Conaie, Leonidas Iza.
Minutos antes da conferência, a conta de Twitter da organização indígena publicou um comunicado chamando Lasso de “irresponsável” e dizendo que o decreto do mandatário é parte de uma escalada de violência política promovida pelo seu governo.
“Nós já vínhamos alertando sobre o surgimento [no Equador] de grupos paramilitares, que buscam justificar e camuflar a política repressiva e persecutória assim como os assassinatos de líderes indígenas, líderes sociais e defensores de direitos”, acrescenta a nota.
Durante a conferência, os líderes da Conaie lembraram de um caso recente: o assassinato de Eduardo Mendúa, responsável pelas relações internacionais da organização indígena, morto em uma emboscada em fevereiro passado.
“Nosso companheiro se encontrava em sua casa quando um grupo de mascarados entraram atirando e o mataram”, relatou Iza, para logo explicar que “esse é o clima de terror que pode ser ampliado graças ao decreto [de flexibilização do acesso às armas]”.
O decreto para a posse e porte de armas no Equador busca facilitar a aquisição de armas de fogo a pessoas a partir de 25 anos de idade, alegando “promover o direito de legítima defesa”.
No entanto, a Conaie afirma em seu comunicado que Lasso, “agora que está enfrentando um processo de impeachment, pretende gerar o caos”, dando a entender que a medida visa criar um clima menos desfavorável ao mandatário em meio ao processo.
Na última quinta-feira (30/03), o Tribunal Constitucional do Equador anunciou a decisão de declarar a admissibilidade do processo de impeachment contra o presidente Guillermo Lasso, por sua responsabilidade em um esquema de corrupção.
O juízo político do mandatário na Assembleia Nacional (unicameral) do país terá seus primeiros episódios nesta mesma segunda-feira, com o início dos trabalhos da Comissão de Fiscalização, primeiro trâmite do processo, que pode durar até dois meses.