Central do Brasil

Relação de Lula com Congresso é 'tranquila e até construtiva', diz cientista política

Apesar disso, Priscila Lapa aponta que troca de cargos e verbas por apoio ainda é comum

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Lira e Pacheco travaram batalha sobre o rito de tramitação das MPs no Congresso Nacional - Edilson Rodrigues/Agência Senado

 

A poucos dias de completar os 100 primeiros dias do terceiro mandato do governo Lula (PT), a cientista política, Priscila Lapa analisou a relação do petista com o atual Congresso, em especial com o presidente da Câmara, Arthur Lira. A análise foi feita no programa Central do Brasil desta terça-feira (04). 

Na avaliação da entrevistada, desde a transição de governo, Lula não tem encontrado dificuldades significativas na aprovação de pautas sobretudo nas emergenciais. "Vimos isso na PEC da Transição, no redirecionamento de alguns recursos previstos no orçamento, assim como no próprio processo eleitoral. Tem se mostrado uma relação tranquila e até certo ponto construtiva.”

Lapa também tratou do novo acordo entre Câmara e Senado a respeito da tramitação das medidas provisórias (MPs). O embate teve início quando Arthur Lira queria manter o modelo adotado durante a pandemia, que prevê que as medidas comecem a tramitar na Câmara, já o Senado queria a volta das comissões mistas. Eles entraram em acordo sobre as comissões mistas, mas ainda não se sabe como será a formação dessas comissões. 

Segundo a cientista política, o que está em jogo nesse momento é a apreciação de medidas provisórias que colocam em pauta a reforma administrativa do governo Lula. “A criação de Ministérios e de programas, inclusive o Bolsa Família, que é sempre tratado dentro do Congresso como um tema prioritário.” 

Lapa explicou que o que está previsto na Constituição é que a apreciação de medidas provisórias ocorram por comissões mistas, conforme o entendimento e a tese que vinha sendo defendida pelo presidente do senado, Rodrigo Pacheco. “A gente viu que a Câmara dos Deputados ganhou muito protagonismo nos últimos anos no Brasil, então a Câmara está buscando um espaço maior de protagonismo nesse processo como um todo. Coube às lideranças do governo - e a gente pode destacar os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Jaques Wagner (PT)  - atuarem como intermediários para evitar uma crise maior”. 

:: Entenda o conflito entre Lira e Pacheco por conta da tramitação de MPs no Legislativo ::

A especialista ainda comentou os resultados da última pesquisa Datafolha, lançada nesta segunda-feira (03), na qual 61% dos eleitores consideraram que Lula age mal ao trocar cargos e verbas por apoio nas casas legislativas. Segundo ela não é possível tratar tal correlação de forças de outra forma. “A gente tem um modelo muito arraigado, muito claramente estabelecido em que em alguns momentos o Congresso avança na sua tentativa de ampliar sua capacidade legislativa e em outros momentos o Executivo consegue ganhar forças nessa quebra de braço. Para o cidadão é difícil entender isso e a gente fica na expectativa sempre de que as lideranças consigam chegar em acordos que não favoreçam apenas elas lideranças, mas a população em si.”

Assista agora ao programa completo: 

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O programa Central do Brasil é uma produção do Brasil de Fato. Ele é exibido de segunda a sexta-feira, ao vivo, sempre às 12h30, pela Rede TVT e por emissoras públicas parceiras espalhadas pelo país. 

 

Edição: Rodrigo Durão Coelho