Guerra na Ucrânia

Rússia aprova lei para intensificar recrutamento e dificultar 'escapatória' da guerra 

Norma prevê a proibição de que cidadãos russos que receberem convocação militar saiam do país

Rio de Janeiro |
Presidente da Rússia, Vladimir Putin, discursa durante manifestação pela anexação de territórios ucranianos à Rússia, na Praça Vermelha, em Moscou. - Alexander Nemenov / AFP

Tornou-se mais difícil, para jovens russos aptos ao serviço militar, escapar da guerra na Ucrânia. A Duma estatal - câmara baixa do parlamento russo - aprovou nesta terça-feira (11) um projeto de lei que envolve a criação de um registro unificado de pessoas habilitadas ao serviço militar, além de introduzir intimações de convocação em formato eletrônico. 

A decisão prevê que cidadãos russos recrutados não poderão sair do país. A restrição de deixar a Rússia passa a entrar em vigor assim que os dados forem registrados no sistema, mesmo antes do recebimento da convocação - que pode chegar diretamente nas residências, locais de trabalho ou por meio eletrônico. Ou seja, a convocação passa a valer assim que os dados forem computados e não mais após o recebimento da intimação militar pessoalmente, em papel. 

O cidadão russo que receber a convocação e após sete dias não comparecer aos posto militar de sua região para se registrar e ser recrutado passará a sofrer restrições internas, tais como: não poder acessar empréstimo individual ou autônomo, registrar imóveis, tirar licença de motorista ou cartão de crédito.

A medida ocorre em meio a especulações de uma possível nova onda de mobilização de soldados. Em setembro de 2022, houve uma investida em mais recrutamentos, que ficou classificada como uma "mobilização parcial". O governo tinha como objetivo levar cerca de 300 mil russos para a guerra.

Com o aprofundamento do conflito e as dificuldades em repor tropas na linha de frente, crescem os rumores de que novas mobilizações estão por vir. O Kremlin negou repetidamente que estava planejando uma "segunda onda" de mobilização. Na prática, o decreto da primeira onda de recrutamentos segue em vigor. Entende-se, portanto, que esteja em curso uma mobilização "silenciosa", uma vez que o decreto que não foi revogado. 

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, declarou que a mudança visa melhorar o sistema de registro militar e "não tem nada a ver com mobilização". A estimativa é que mais de um milhão de pessoas saíram da Rússia após o início da guerra.

“O Kremlin não acredita que as mudanças vão causar pânico ou uma nova onda de imigração”, acrescentou Peskov. 

Já na Ucrânia, homens de 18 a 60 anos foram proibidos de deixar o país desde o início da intervenção militar da Rússia. Nesta terça-feira (11), o governo de Kiev aprovou novos regulamentos permitindo que centros de recrutamento pudessem enviar intimações para qualquer lugar do país.

Anteriormente, as intimações só podiam ser entregues aos homens em seu endereço registrado, mas devido às transferências em grande escala - que ocorreram como resultado da guerra -, o rastreamento dos homens foi dificultado.

Edição: Patrícia de Matos