Memória e Cultura

Projeto lança site com resgate da história quilombola, periférica e indígena de Porto Alegre

Criado por professores da rede municipal de ensino, PoAncestral defende a 'história que não cabe na datação oficial'

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
Evento de lançamento do espaço virtual de pesquisa e repositório será nesta sexta-feira (14), às 19h - Reprodução

Após um ano de trabalho com formações, debates, boletins informativos, e-book e projeto de extensão universitária, o projeto PoAncestral vai inaugurar seu site de pesquisa e repositório. O lançamento será nessa sexta-feira (14), às 19h, no atrio do Centro Municipal de Educação dos Trabalhadores (CMET) Paulo Freire (Rua Santa Terezinha, 572, Porto Alegre). Haverá certificado para os participantes.

O PoAncestral surgiu como um projeto impulsionado inicialmente pelo Coletivo de Professoras e Professores de História da rede municipal de Porto Alegre, junto com a Associação dos Trabalhadores em Educação de Porto Alegre (Atempa).

Segundo explica Roselena Colombo, professora e integrante do Coletivo, juntaram-se ao projeto uma série de instituições e coletivos, cujo objetivo central é contribuir para a visibilização das histórias, lutas, experiências pedagógicas e pesquisas dos povos e comunidades indígenas, quilombolas e periféricas da cidade.

Para Inês Vicentini, da coordenação do PoAncestral, o site é fruto de um trabalho coletivo aguerrido e comprometido com as causas populares. Será "mais uma ferramenta a serviço da defesa da história que não cabe na datação oficial de nossa cidade, de natureza eurocêntrica e colonialista".

A plataforma pública pretende ser um repositório de fácil acesso, aberto e vasto dessas experiências, lutas e trabalhos envolvendo uma Porto Alegre muito além da historiografia oficial, sob o ponto de vista das comunidades indígenas, quilombolas e periféricas.

Sobre o projeto

Por Ines Vicentini:

"Em um tempo de tanta barbárie onde a violência é fomentada e enaltecida, presenciamos de forma orquestrada e covarde ataques criminosos nas escolas. As escolas deveriam estar protegidas, as crianças e os adolescentes são o que temos de mais precioso em nossas vidas. É nesse meio que brotam as relações da infância e adolescência com seus pares, que é desenvolvido o espírito crítico e a vontade de pensar uma sociedade mais justa, que é produzido o conhecimento. E é justamente por isso que a Escola está sendo brutalmente atacada.

Em um tempo em que os gestores apontam como solução para tanto terror apertar um botão de emergência, via aplicativo; onde as plataformas midiáticas estão mais interessadas no aumento de seus algoritmos, em seus lucros astronômicos, não importando se para isso precisam abrigar discursos e ações de ódio.

É nesse tempo que se faz necessário, mais do que nunca, dar destaque aos movimentos que lutam contra essas e todas as outras formas de violência. É na potência Ancestral da resistência dos povos indígenas, na sua luta cotidiana por uma cidade mais respeitosa com a mãe Natureza; é na luta dos povos quilombolas por seu território, dizendo em alto e bom som, nós também pertencemos a essa Cidade, em um confronto direto com a especulação imobiliária; é na organização das comunidades periféricas por maior justiça social que encontramos a força para nos somarmos a essas batalhas e termos esperança na superação desses tempos sombrios.  

É nesse tempo que se faz necessário dar destaque as vozes dos alunos, das comunidades escolares periféricas que estão a ensinar solidariedade nos gestos do cotidiano e a dar pistas na construção de uma cidade mais inclusiva e justa.  

É nesse tempo que se faz necessário conhecer as pesquisas acadêmicas ou não sobre os vários temas que levantam questionamentos e procuram soluções no caminho de uma Cidade melhor para todas/es/os.

Estamos muito contentes de poder reunir essas lutas dos movimentos sociais, os trabalhos pedagógicos das escolas e as pesquisas em no site do PoAncestral".


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Fonte: BdF Rio Grande do Sul

Edição: Marcelo Ferreira