Abril Indígena

Primeira rede audiovisual de mulheres indígenas do Brasil estreia com transmissão ao vivo

Iniciativa já conta com mais de 70 realizadoras e vai continuar mapeamento em todo o Brasil

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
A cineasta, Natuyu Txicão, do povo Ikpeng, da Terra Indígena Xingu, fotografada em ação pela também cineasta Suely Maxakali - © Suely Maxakali

Mais de 30 etnias estão representadas na primeira iniciativa de criação de uma rede de mulheres cineastas indígenas do país. Neste sábado (29) será lançada a Katahirine, que reúne realizadoras atuantes no audiovisual e na comunicação.  

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A estreia contará com a presença da ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara e está marcada para começar às 19h. O evento será transmitido pelas redes sociais do Instituto Catitu, responsável pela idealização do projeto.

"A proposta é reunir a produção audiovisual das mulheres indígenas em um lugar onde as pessoas possam consultar e conhecer essa produção, que é muito rica, muito diversa e que, ao mesmo tempo, é praticamente invisível", afirma Mari Corrêa, diretora do Instituto Catitu.

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A constatação de que o cinema das mulheres indígenas segue invisibilizado no Brasil levou a organização a realizar uma busca por todo o país, que chegou a mais de 70 profissionais. O mapeamento segue inicialmente em território nacional, mas a ideia é estender a pesquisa para povos originários de outros nações da América Latina. 

Mari Corrêa ressalta que a rede vai funcionar como uma plataforma de pesquisa e referência, mas também estará focada em trabalhar coletivamente por mudanças e adaptações nas políticas públicas.

"Uma questão importante nessa proposta é também é criar um coletivo com capacidade de pleitear políticas públicas na área do audiovisual. Há muita dificuldade de acesso aos editais, que não são propriamente adaptados para pessoas que estão muito longe desse universo do mundo audiovisual."

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A rede conta com um conselho curador, que tem como missão garantir a participação indígena nas tomadas de decisão, elaborar e propor critérios da curadoria e estabelecer diretrizes. Na carta de apresentação da iniciativa, escrita pelas mulheres que compõem o conselho, a necessidade de levar ao público produções que falam sobre o Brasil é ponto de destaque.

“Nosso trabalho aborda questões centrais dos nossos povos, como a recuperação das memórias históricas, a reafirmação das identidades étnicas, a valorização dos conhecimentos tradicionais, das línguas e do papel das mulheres nas nossas sociedades."

A plataforma online da rede também será lançada neste sábado. Nela, as profissionais terão perfis individuais, com biografias, lista de obras e informações sobre a carreira. Nos planos da rede está também a realização de encontros internacionais e de mostras de cinema com foco na produção das mulheres indígenas.  

Edição: Thalita Pires