Ataque no Kremlin

Ataque de drones no Kremlin inflama autoridades russas; Zelensky nega envolvimento ucraniano

Moscou acusa a Ucrânia de 'atentado terrorista e tentativa de assassinato' de Putin

Rio de Janeiro |
Putin e o vice-Presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitry Medvedev, participam de uma sessão do Conselho de Estado da Rússia, no Kremlin - Dmitry Astakhov / Sputnik / AFP

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, negou nesta quarta-feira (3) o envolvimento do país no ataque de drones em Moscou realizado nesta madrugada. Dois drones atingiram edifícios que ficam dentro da fortaleza do Kremlin, centro do poder russo. Um dos alvos foi a residência oficial de Vladimir Putin.

"Posso repetir esta mensagem, acho que ficará claro para todos: não estamos atacando nem Putin nem Moscou", disse Zelensky.

Segundo Zelensky, a Ucrânia carece de armas para defender seus próprios territórios. "Portanto, não as utilizamos em outro lugar", destacou.

O serviço de imprensa do Kremlin informou que dois drones ucranianos tentaram atacar a residência do presidente no Kremlin na noite desta quarta-feira, 3 de maio. O incidente foi classificado por Moscou como "atentado terrorista e tentativa de assassinato do presidente russo".  

Os drones foram interceptados e não houve feridos. Imagens veiculadas nas redes sociais mostram fumaça em cima do edifício residencial de Putin e, em outro registro, um drone é interceptado sobre a cúpula do Kremlin, gerando uma pequena explosão. 

De acordo com o serviço de imprensa do governo russo, Putin não estava presente no Kremlin, pois estava trabalhando em sua residência em Novo-Ogaryovo, que fica nos arredores de Moscou. 

O suposto ataque à cúpula do governo russo acontece às vésperas do 9 de Maio, feriado do Dia da Vitória, que celebra vitória da União Soviética na Segunda Guerra Mundial. A data tem um forte simbolismo na Rússia e, desde o início da guerra com a Ucrânia, tem sido utilizada para engajar o nacionalismo do país em sua retórica contra o Ocidente como justificativa da operação militar no país vizinho. 

Autoridades russas sobem o tom contra Ucrânia

O incidente com os drones, seguido da acusação oficial da parte russa de que a Ucrânia estaria por trás do atentado, provocou uma enérgica reação de autoridades do governo russo, reforçando a expectativa de que Moscou pode usar o ataque para justificar uma reação mais enfática contra Kiev no contexto da guerra. 

O ex-presidente do país e atual vice-Presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitry Medvedev, chegou a falar na necessidade da "eliminação física" do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.

"Depois do ataque terrorista de hoje, não há mais opções exceto a eliminação física de Zelensky e sua turma. Ele não é nem necessário para o ato de rendição incondicional", escreveu Medvedev em seu canal no Telegram.

Medvedev tem sido uma das principais vozes do radicalismo bélico na Rússia, sendo protagonista de constantes declarações hostis contra o governo ucraniano e o Ocidente como um todo. 

Em 25 de abril, o ex-presidente russo afirmou que o mundo provavelmente está à beira de uma nova guerra mundial, destacando que os riscos de um conflito nuclear estariam aumentando.

"O mundo está doente e muito provavelmente está à beira de uma nova guerra mundial”, disse Medvedev na ocasião.
 
Já o chefe da Duma estatal, a câmara baixa do parlamento russo, Vyacheslav Volodin, declarou que a casa exigirá o uso de armas capazes de "parar e destruir o regime terrorista de Kiev". 

"Um ataque terrorista contra o presidente é um ataque à Rússia. O regime nazista de Kiev deve ser reconhecido como uma organização terrorista", afirmou Volodin.

Edição: Thales Schmidt