PL DAS FAKE NEWS

Coordenadora do Comitê Gestor da Internet sobre ataque do Telegram ao PL 2630: 'Lamentável'

Para Renata Mielli ficou explícito como as Big Techs manejam o conteúdo acessado pela população para seus interesses

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Usuários brasileiros do Telegram receberam uma mensagem com ataques da empresa ao PL das Fake News e ao Governo Federal - KIRILL KUDRYAVTSEV / AFP

O Telegram disparou uma mensagem em massa nesta terça-feira (09) para os seus usuários no Brasil atacando o Projeto de Lei 2630 (PL das Fake News), no texto a empresa afirma que a democracia está sob ameaça no país e que o projeto concede o poder de censura ao governo. A ação faz parte da estratégia das Big Techs de atacar e distorcer as informações sobre o conteúdo do PL. 

No começo do mês, o Google também havia enviado um comunicado aos usuários no Brasil atacando a proposta e pagou meio milhão de reais em anúncios no Facebook contra o PL. Diante destas investidas, o Ministério Público Federal em São Paulo, cobrou explicações sobre a mensagem e deu o prazo de 10 dias para que o Telegram se posicione, o ministro de comunicação do governo federal, Paulo Pimenta afirmou que “empresa nenhuma é maior que a soberania de um país fecha” e o relator do projeto deputado Orlando Silva do PCdoB também se manifestou sobre o assunto.

Para tratar das ofensivas das Big Techs, o Central do Brasil desta quarta-feira (10) conversou com Renata Mielli, jornalista e coordenadora do Comitê Gestor da Internet (CGI). 

Mielli avalia as ações das empresas de tecnologia como lamentáveis. “É lamentável que a gente esteja sendo submetido à chantagem de empresas estadunidenses internacionais, que tentam tutelar a democracia brasileira na perspectiva de impedir que o Congresso Nacional aprove uma legislação que regule essas empresas.” 

A especialista explicou ainda que toda regulação tem duas dimensões, a primeira, segundo ela é que custa dinheiro para o setor econômico, uma vez que essas empresas vão precisar se adequar ao conjunto de exigências previstas na lei. “As empresas não querem gastar com adequações regulatórias e a outra dimensão é que elas perdem de certa forma a autonomia e o controle privado sobre o debate público. O PL 2630, não promove censura, ele faz exigências para que essas empresas deixem transparentes os mecanismos que elas utilizam para dar tração a um conteúdo em detrimento do outro. O que nós vimos no debate agora é que de fato, elas não são neutras.”

Mielli pontuou ainda que ficou explícito como as empresas manejam o tipo de conteúdo que a população tem acesso para interesses próprios ou privados de outros. “É realmente lamentável a atitude do Telegram.”


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Meio ambiente 

A Petrobras pretende explorar petróleo e gás em mais de 2 mil quilômetros da costa brasileira, o projeto que aguarda licença do Ibama pode prejudicar 11 mil indígenas do Amapá. Priscila Karipuna, liderança indígena da região e coordenadora regional da Funai comenta o assunto.

Venezuela 

Centenas de migrantes venezuelanos conseguiram retornar à Venezuela após passarem mais de duas semanas retidos na fronteira do Chile com o Peru. Impedidos de voltar para casa, eles improvisaram barracas para se proteger do frio e da chuva.
 

Edição: Rodrigo Durão Coelho