Reforma agrária

Jorge Aragão e Yago Opróprio fecham o 2º dia da Feira Nacional do MST com milhares de pessoas

“Vivemos tempos sombrios e agora é um fôlego, um respiro”, descreve o rapper Yago Opróprio, após o show em SP

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Aos 74 anos e chamado de "poeta do samba", Jorge Aragão é um dos mais conhecidos cantores e compositores brasileiros - Marina D'Aquino

Como uma das principais atrações da lista de artistas se apresentando na 4ª Feira Nacional da Reforma Agrária, no Parque da Água Branca em São Paulo, o sambista Jorge Aragão subiu ao palco na noite fria desta sexta-feira (12).

Com clássicas como Identidade, Vou festejar e Coisinha do pai, Aragão encerrou, sob aplausos de um público de milhares de pessoas, o segundo dos quatro dias do evento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).  

A Feira, retomada depois de uma longa interrupção - primeiro pelo veto do então governador João Doria (PSDB) em 2019, depois pela crise sanitária - é o maior evento de interlocução do MST com a sociedade em geral dos últimos cinco anos.  

Antes de Jorge Aragão, o show foi do rapper Yago Opróprio, que finalizou com a plateia entoando “MST, a luta é pra valer”. Ao Brasil de Fato, Yago disse que “o rap já é um manifesto” e, dentro disso, busca “usar a estratégia do abraço”. 

Depois de ter lançado cerca de 20 singles, Yago Opróprio soltou seu primeiro EP em março deste ano, O Inquilino, com produção de Patricio Sid. Aos 28 anos, o rapper bebeu de influências latino-americanas durante os anos em que viveu em Caracas, na Venezuela. Do "tempero latino" que carrega no seu trabalho, diz se inspirar especialmente - e até incorporar alguns trejeitos nas pronúncias em espanhol - em Calle 13.  Além disso, traz o funk, o rap e a música popular brasileira que sempre ouviu nas ruas periféricas da zona leste paulistana. 

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“Eu tento ser delicado na minha manifestação, para permitir que quem pense diferente escute. Às vezes estou falando algo com um teor político forte, mas com uma melodia fofinha, envolvente. Tem músicas explícitas, como Comunista elegante, Questão de tempo. Mas por exemplo, Amor incendiário acho que tem uma roupagem discreta”, expõe.  

Esta última canção foi uma das que mais fizeram vibrar a plateia do show na Feira Nacional do MST. A letra descreve a cena de um protesto, com molotov e repressão da tropa de choque. “Vivemos tempos sombrios e agora é um fôlego, um respiro, um sopro de esperança”, avalia o rapper, dizendo se sentir “realizado” com a participação no evento. 

Ao longo de sábado (13) e domingo (14), a programação da Feira terá seminários, um ato político e shows de Gaby Amarantos, Lenine, Liniker, Chico César, Tulipa Ruiz, Alzira Espíndola, Johnny Hooker, entre outros.  

Edição: Rodrigo Durão Coelho