Crise econômica

Antes de negociar com Banco do Brics, Argentina lança pacote contra inflação

Ministro da Economia argentino se reúne dia 30 em Xangai com Dilma Rousseff, presidente do banco e

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Dilma Rousseff presidirá reunião na qual se discutirá sobre uma possível ajuda financeira da instituição à Argentina de Alberto Fernández - Twitter / Grupo de Puebla

A Argentina lançou nesta segunda-feira (15/05) um novo pacote econômico com o objetivo de conter a inflação e controlar o mercado de câmbios contra ataques especulativos.

Entre as medidas anunciadas estão a elevação da taxa de juros pré-fixada para 97% ao ano e a imposição de um limite aos juros dos cartões de crédito, com uma redução de 88% para 86% da taxa de juros dos financiamentos de saldos inadimplentes do cartão de crédito, buscando amortecer dessa nova política para os consumidores.

Um comunicado publicado conjuntamente pelo Ministério da Economia e pelo Banco Central do país vizinho afirmou que “em busca de manter o incentivo à poupança em pesos, foi decidido produzir um aumento da taxa de juros mínima garantida a prazo para pessoas físicas, estabelecendo o novo piso em 97% ao ano para depósitos a 30 dias até 30 milhões de pesos argentinos (R$ 645 mil)”.

Também foi fixado um teto de 81,08% na taxa de juros a ser aplicada por emissores que não sejam instituições financeiras.

Reunião com Banco dos Brics

A medida é lançada faltando poucos dias para a viagem do ministro da Economia Sergio Massa para Xangai, onde se reunirá com autoridades do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), mais conhecido como Banco dos Brics [pois sua criação está ligada à aliança formada por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul].

Massa viajará à China no dia 30 de maio, a convite do embaixador chinês em Buenos Aires, Zou Xiaoli. Em Xangai, o ministro argentino deverá se reunir com seu homólogo chinês, Kun Liu, com autoridades responsáveis pelas políticas comerciais do país asiático, e também com os altos executivos do NDB, incluindo sua atual diretora-geral, Dilma Rousseff, ex-presidente do Brasil [entre 2011 e 2016].

O ministro argentino participará da oitava reunião anual do NBD, a qual lançará o novo lema da instituição: “

moldando uma nova era para o desenvolvimento global”. Dilma Rousseff publicou recentemente uma carta na imprensa chinesa, na qual explica que, entre os novos desafios do banco, está o de “melhorar seu papel de conectar os BRICS a outros mercados emergentes e economias em desenvolvimento, para trabalhar coletivamente nesta nova era de desenvolvimento global”.

Outro aliado brasileiro da Argentina é o atual mandatário Luiz Inácio Lula da Silva, amigo pessoal do presidente argentino Alberto Fernández, que prometeu interceder para convencer o Banco dos Brics a entregar ajuda financeira à Argentina, para permitir que o país possa superar a atual crise econômica.

Eleições à vista

A viagem de Massa a Xangai pode ser determinante também para a campanha eleitoral na Argentina, país que realizará eleições presidenciais em outubro deste ano. O atual presidente do país, Alberto Fernández, já afirmou que não concorrerá à reeleição, e Massa é um dos cotados para ser o candidato governista na disputa eleitoral [a candidatura deverá ser escolhida em agosto deste ano, quando ocorrerão as prévias obrigatórias de todas as coalizões].

Um possível sucesso ou fracasso na reunião com o Banco dos Brics pode ser crucial para medir as chances de Massa como representante da Frente de Todos, coalizão governista que reúne diferentes setores do peronismo, incluindo o kirchnerismo [que ainda não definiu se lançará a ex-presidente Cristina Kirchner, ou seu filho, o deputado Máximo Kirchner, para disputar as eleições prévias].

(*) Com informaçõs de Télam e Infobae