contra o latifúndio

Deputados pró-reforma agrária dizem que não se limitarão a postura defensiva durante CPI do MST

Congressistas próximos ao movimento prometem denúncias contra o modelo dominante de produção agrícola no país

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Plano de Trabalho foi apresentado nesta terça-feira (23) - Bruno Spada/Câmara dos Deputados

Os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) começaram nesta terça-feira (23). Ironias do destino, a reunião do colegiado ocorreu no auditório da Câmara dos Deputados que homenageia Florestan Fernandes, ex-deputado e sociólogo conhecido por sua defesa da reforma agrária. 

Apesar da previsão de que a sessão se limitaria à votação do plano de trabalho apresentado por Ricardo Salles (PL-SP), relator da CPI, a reunião foi marcada por insultos e acusações contra o MST por parte de deputados da oposição, que são maioria no colegiado. 

Mesmo com o clima hostil e em número inferior, parlamentares próximos ao MST afirmam que não pretendem se limitar a uma postura defensiva. Para eles, a "investigação" - que não se baseia até o momento em nenhum fato determinado - servirá também para apresentar a história e os feitos da organização. Além disso, prometem utilizar o espaço para denunciar o modelo exploratório empregado por boa parte do agronegócio. 

Em conversa com o Brasil de Fato, o deputado Nilto Tatto (PT-SP) afirmou que não há dúvidas de que a CPI mira a criminalização de movimentos pela terra e que busca causar desgaste ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Por outro lado, defendeu ser possível debater "a agenda positiva" do MST. 

"Nós vamos atuar no sentido de mostrar a importância que o MST tem toda a sua história e continua tendo. Vamos nos preparar para fazer agenda positiva daquilo que é necessário debater relacionado à questão fundiária e ao modelo de agricultura, da necessidade da retomada de reforma agrária, mas também denunciar o crime que é cometido pelo grande latifúndio", sustentou. 

Ele próprio assentado da reforma agrária e militante do MST, o deputado Marcon (PT-RS) destacou o fato de que o movimento já enfrentou outras CPIs no passado, que não encontraram acusações fundadas contra o movimento. Ele afirmou não ver "nenhuma diferença" entre a investigação atual e as realizadas anteriormente.

O parlamentar gaúcho também disse que a CPI é uma nova oportunidade para o debate sobre concentração fundiária e modelo agrário no Brasil: "Nós vamos aproveitar esse momento para divulgar aquilo que o Movimento Sem Terra faz tanto na questão agrária como na questão social e política para salvar o povo brasileiro", falou. 

Edição: Thalita Pires