Distrito Federal

CARTÃO VERMELHO

Mais de 50 organizações do DF assinam manifesto em apoio a Vinicius Jr.

Ato acontece nesta quinta (25), às 17h em frente a Embaixada da Espanha

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Ato é para exigir justiça, diante dos atos criminosos de racismo contra Vini Jr. - Reprodução/Instagram

Organizações do Distrito Federal divulgaram nesta quinta-feira (25) um manifesto de repudio às ações racistas sofridas pelo jogador brasileiro Vinicius Jr. na Espanha no último final de semana. O manifesto foi assinado por 53 entidades como sindicatos, conselhos, coletivos, associações de torcedores e movimentos sociais de luta antirracista, feminista, LGBTQIA+, estudantis, dentre outros.

Nesta quinta-feira (25), a partir das 17 horas, acontece uma manifestação em frente a Embaixada da Espanha, localizada no Setor de Embaixadas Sul, Quadra 811. A organização observa que o ato é para exigir justiça, diante dos atos criminosos de racismo contra Vini Jr.

As organizações do DF aproveitaram o Dia Mundial da África, comemorado em 25 de maio, para destacar a importância de todas as pessoas se morarem a luta antirracista. “O antirracismo precisa acontecer de verdade: com ações práticas, efetivas, enérgicas e contundentes. Só assim vamos conseguir combater os discursos, as piadas e as violências praticadas cotidianamente contra corpos negros, dentro e fora dos campos” destacou o manifesto.

Entenda

No último domingo (21), Vinicius Jr foi chamado de "mono" ("macaco", em espanhol) por boa parte da torcida do Valência.  O Real Madrid, time de Vinicius, disputava um jogo contra o Valência pelo campeonato espanhol. Na mesma partida Vinicius levou um ‘mata-leão’ de um adversário e ainda foi expulso pelo juiz.

:: Ataque contra Vini Jr. é 'alerta claro da prevalência do racismo no esporte', diz ONU ::

Leia o manifesto

Cartão Vermelho para o Racismo

Durante uma partida da Liga Espanhola de Futebol, o jogador Vinicius Jr, jogador do Real Madrid foi alvo de mais um ataque racista dentro e fora de campo. Torcedores e jogadores da torcida do Valencia o agrediram física e verbalmente enquanto o mundo assistia inconformado com as cenas grotescas de racismo explícito.

Um jovem negro brasileiro vê sua humanidade sendo atacada ano após ano com a conivência de autoridades espanholas, que ao invés de apoiá-lo e protegê-lo, o acusa de ser responsável pelos ataques que vem sofrendo nos últimos anos, como fez o presidente da La Liga.

As declarações absurdas de Tebas não são coincidências, atos de initeligência ou mera ignorância. Tebas foi membro do partido fascista Fuerza Nueva na década de 1980 e  é apoiador declarado do Vox, partido de extrema-direita da Espanha, que se posiciona contra imigrantes, comunidade LGBTQIA+ e movimento feminista.

Aqueles que torcem pelo racismo já não o fazem às escondidas. Estão nos estádios, na mídia, no braço armado do Estado e no racismo recreativo, hipocritamente defendido como liberdade de expressão, utilizada para reverberar discursos de ódio e naturalizar a nossa desumanização.

A onda ascendente do neofascismo no Brasil e no resto do mundo nos últimos anos, criaram condições favoráveis para que comportamentos racistas como esses fossem aceitos - mesmo que com indignação seletiva e moderada. É inadmissível que nós, brasileiros, após derrotar nas urnas a figura do neofascismo na nossa sociedade, aceitemos e compactuemos com a tolerância desse tipo de comportamento em qualquer lugar do mundo, e muito menos contra um dos nossos.

Se eles já não têm vergonha de levantar a bandeira da morte, não escondem a vontade de impedir vitórias negras, é preciso reagir à altura! Não podemos deixar que a narrativa anti-negra prevaleça à luta ancestral por dignidade e valorização da nossa identidade e cultura.

Nesse dia da África, reverenciando a nossa ancestralidade negra, conclamamos todas as pessoas a se somarem nessa luta conosco. O antirracismo precisa acontecer de verdade: com ações práticas, efetivas, enérgicas e contundentes. Só assim vamos conseguir combater os discursos, as piadas e as violências praticadas cotidianamente contra corpos negros, dentro e fora dos campos.

Chega desse jogo.

Racismo não é piada.

Chega de só driblar o racismo.

Racismo é crime.

É hora de derrotá-lo.

BASTA!

Organizações que assinam esse Manifesto:

1 - Frente de Mulheres Negras do Distrito Federal

2 - Coalizão Negra por Direitos

3- Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito

4 - Uneafro Brasil

5 - Rede Emancipa

6 - Nosso Coletivo Negro do Distrito Federal - NCN/DF

7 - Elementos Pretos

8 - Afronte!

9- Kizomba

10- Coletivo ENEGRECER

11- MNU-DF e Entorno

12 - Coletivo Candaces DF e Entorno

13. Levante Popular da Juventude

14. Aliança de Negras e Negros Evangélicos do Brasil (ANNEB)

15. Movimento Social de Mulheres Evangélicas do Brasil (MOSMEB) 

16. Coletivo de Mulheres das Organizações Religiosas (COMOR) 

17. Núcleo de Base Mulheres Negras PT

18. Núcleo de Evangélicas e Evangélicos do Partido das Trabalhadoras e dos Trabalhadores do Distrito Federal (NEPT-DF)

19. Pastoral de Direitos Humanos da Igreja Cristã de Brasília (ICB)

20. Coletivo Empodera

21. Juntos!

22. Movimento Passe Livre do Distrito Federal e entorno

23. Movimento Flamengo Antifascista - Distrito Federal

24. Roda de homens negros do Distrito Federal e entorno

25. Coletivo Mulheres Negras Baobá

26. UNEGRO - União de Negras e Negros pela Igualdade

27. MST

28. Coletivo Yaa Asantewaa 

29. Coletivo Mulheres de Axé DFE

30. Comitê Popular de Luta Coletive Chão

31. Setorial de Negras e Negros do Psol - DF

32. ACARMO LBT Negritude

33. REDE SAPATÀ - DF

34. Coletivo Tia Ciata (Paranoá - DF)

35. Comissão da Verdade Sobre a Escravidão Negra no DF e Entorno.

36. Associação APNs

37. BrCidades - Núcleo DF

38. Associação Brasileira de Economia da Saúde, ABrES

39. Coordenação de Equidade, Diversidade, Inclusão e Políticas Afirmativas/CEDIPA, Fiocruz

40. Coletivo de Mulheres da Fiocruz

41. Campanha Despejo Zero DF

42. Calunga - Coletivo de Estudantes e Arquitetos Negros da Universidade de Brasília

43. Coletivo Consciência Negra Dandara FE/UnB

44. CONSCIÊNCIA - Grupo de Estudos e Pesquisas em Materialismo Histórico- Dialético e Educação- FE/UnB

45. Conselho Distrital de Promoção da Igualdade Racial - Codipir

46. Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos

47. Instituto dos Arquitetos do Brasil - DF

48. Sindicato dos Bancários e Bancárias de Brasília

49. Torcedores Antifascistas - DF

50. Pelas Vidas Negras DF

51. FONSANPOTMA DF-Entorno.

52. Conselho Regional de Serviço Social - 8º região/ CRESS - DF

53 - Rede de Mulheres Negras para Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional - REDESSAN

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Edição: Flávia Quirino