EXPECTATIVA EM ALTA

Previsão de bancos para crescimento em 2023 salta para 1,68% após PIB histórico do 1º trimestre

Pesquisa do Banco Central capta mudança brusca em visão do mercado sobre a economia brasileira

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |

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Crescimento da economia foi puxado aumento da produção agrícola no primeiro trimestre - Foto: Agência Brasil

O crescimento acima das expectativas da economia nacional no primeiro trimestre deste ano fez analistas do mercado financeiro revisarem de forma brusca suas previsões sobre o avanço da atividade econômica em 2023. Até a semana passada, os bancos estimavam que o Produto Interno Bruto (PIB) do país crescesse 1,26% este ano. Agora, já estimam que ele vá crescer 1,68% – 0,42 ponto percentual a mais.

A revisão foi captada pelo chamado Boletim Focus do Banco Central (BC). O BC, semanalmente, ouve analistas de mercado para obter deles previsões sobre a economia.

O PIB é a soma de toda produção de uma economia durante um período. Ele é o principal indicador da atividade econômica de um país. No primeiro trimestre, o PIB cresceu 1,9% – segunda maior alta em 20 anos.

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Desde janeiro, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assumiu a Presidência, analistas vinham estimando que o PIB cresceria sempre menos que 1% neste ano. Há quatro semanas, pela primeira vez, essa expectativa chegou a 1%. Agora, já é cerca de 70% maior, chegando aos atuais 1,68%.

Ao mesmo tempo, a previsão dos bancos para a inflação no país vem caindo – hoje, é de 5,69% ao final do ano –, assim como a da cotação do dólar – R$ 5,10, ao final de 2023.

Das quatro principais previsões coletadas pelo BC, a única que segue estável é a taxa básica de juros, a Selic, ao final de 2023: 12,5% ano ano. Hoje, ela é 13,75% ao ano.

Para Pedro Faria, economista e pesquisador do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Faculdade de Ciências Econômicas (Cedeplar) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), é inegável que a economia nacional está se aquecendo. Ela deve crescer ainda mais sob os efeitos dos programas sociais do novo governo, como o Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida.

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Faria ressaltou que os bancos tendem a subestimar o crescimento do PIB durante o governo Lula por discordâncias dos analistas sobre políticas adotadas pela equipe econômica. Até por isso, serão obrigados a revisar para cima suas previsões no decorrer deste ano para adaptá-las à realidade.

"O mercado depende muito da noção de confiança no governo. Por isso, eles acabam subestimando muito as estatísticas de crescimento e superestimando a estatística de inflação", explicou. "Vamos continuar vendo as expectativas de mercado dando errado."

Lula prometeu em sua campanha fazer a economia crescer. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), disse que técnicos do governo já esperavam um resultado acima das expectativas dos bancos. Segundo ele, é possível que a economia cresça até 2% em 2023.

Na comparação entre o primeiro trimestre deste ano, quando Lula assumiu o governo, e o primeiro trimestre do ano passado, quando o país era governado por Jair Bolsonaro (PL), o PIB cresceu 4%. A alta acumulada nos últimos quatro trimestres é de 3,3%.

Setores da economia

Analisando os setores econômicos separadamente, houve alta na agropecuária (21,6%) e nos serviços (0,6%) e estabilidade na indústria (-0,1%) no primeiro trimestre de 2023.

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Já na comparação entre este primeiro e o mesmo período do ano passado, a agropecuária cresceu 18,8% – resultado que pode ser explicado pelo bom desempenho de produtos da lavoura. A indústria cresceu 1,9% e o setor de serviços, 2,9%.

A taxa de investimento no primeiro trimestre de 2023 foi 17,7% do PIB – abaixo do observado no mesmo trimestre do ano anterior (18,4%). Já a de poupança ficou em 18,1% no trimestre (ante 17,4% no mesmo período de 2022).

Edição: Nicolau Soares