ECOS DA GUERRA

Chefe da diplomacia alemã pede que Brasil mude de posição sobre guerra na Ucrânia

Em solo brasileiro, Annalena Baerbock também se reuniu com Marina Silva e defendeu luta contra a mudança climática

São Paulo (SP) |
A ministra alemã (de roxo) no Palácio Itamaraty: ela mencionou os ataques à democracia ocorridos em Brasília em 8 de janeiro - Evaristo Sá/AFP

A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, pediu um posicionamento mais crítico do Brasil e dos países da América Latina à invasão da Ucrânia. Em viagem pela América Latina, a chefe da diplomacia alemã esteve em Brasília na segunda-feira (5) e em São Paulo nessa terça (6), onde participou de evento na Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Ao contrário da União Europeia e dos Estados Unidos, o Brasil e a América Latina não adotaram sanções contra a Rússia após a invasão da Ucrânia. A maioria dos países latino-americanos, contudo, vota na Organização das Nações Unidas (ONU) em resoluções condenando a guerra.

Baerbock fez uma série de elogios ao Brasil e à atuação internacional do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas reconheceu a existência de perspectivas diferentes sobre o que ocorre na Ucrânia e defendeu que "países como o Brasil também ergam sua voz pela imposição do direito internacional".

A ministra fez uma espécie de mea-culpa em nome do continente europeu, porque muitas vezes já foi questionada sobre onde estava a Europa quando países menos desenvolvidos precisaram dela, e disse compreender que a América Latina tenha uma percepção diferente da Europa sobre o conflito.

Mas preferiu enfatizar as semelhanças e a necessidade de combater a desinformação e o espraiamento de movimentos populistas e radicais, usando como exemplo o contexto político brasileiro e os atentados de 8 de Janeiro em Brasília. "O recente ataque ao coração da democracia brasileira foi uma expressão de vulnerabilidade, um sentimento perigoso que também vemos na Alemanha".

Em comunicado antes de embarcar, a ministra havia declarado que "vivemos em democracias, somos próximos culturalmente e lutamos por um sistema internacional baseado em regras e direitos humanos". "Isso vale tanto para a Colômbia e o Panamá quanto para o Brasil, nosso parceiro estratégico que ocupará a próxima presidência do G20".

Em Brasília, Baerbock se encontrou com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Em declaração conjunta, elas acentuaram a vontade de avançarem lado a lado na política climática.

Outro objetivo da viagem, que terá duração de seis dias e prosseguirá pela Colômbia e Panamá, é incentivar a ida de profissionais da área da saúde para trabalhar na Alemanha. Tanto que o ministro do Trabalho, Hubertus Heil, integra a comitiva. "Enfermeiras/os brasileiras/os e eletricistas colombianos já são recebidos de braços abertos na Alemanha. Queremos ampliar essa parceria", declarou Baerbock.

* Com informações com informações da Folha de S.Paulo e Deutsche Welle.

Edição: Thales Schmidt