O ex-comandante do 1º Comando da Polícia Militar do Distrito Federal, coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues, declarou nesta segunda-feira (5) que a corporação foi surpreendida nos atos golpistas de 8 de janeiro.
A declaração do militar que era o encarregado de fixar os horários dos policiais militares nas escalas no dia da tentativa de golpe foram dadas no seu depoimento à Comissão Parlamentar de Inquéritos (CPI) dos atos antidemocráticos na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF).
“A gente não tinha informação, as informações que estão nas redes sociais não são risco para a inteligência”, afirmou o ex-comandante do 1º Comando da PM ao ser questionado pelo presidente da CPI, Chico Vigilante (PT), sobre a pequena quantidade de policiais no dia 8 de janeiro. “Infelizmente as estratégias dos criminosos foram mais eficazes que a nossa”, admitiu o coronel Casimiro.
:: Documentos mostram falhas de segurança e leniência militar com golpistas no DF em 8 de janeiro ::
O depoente destacou a agressividade e truculência dos golpistas no dia 8. “Era uma turma super agressiva. Muito agressiva. Era muita pedra. Muita pedra na cabeça”, afirmou o coronel Rodrigues. O depoente tentou minimizar os erros da operação destacando que no final foi a PM que liberou a Praça dos Três Poderes. O presidente da CPI lembrou que faltou trabalho preventivo.
O ex-comandante do 1º Comando da PM confirmou que recebeu ordens diretas do Coronel Paulo José, substituto do coronel Jorge Naime, no Departamento Operacional (DOP) da corporação. Quando questionado sobre a escalação dos alunos do curso de formação o coronel Casimiro também afirmou que não foi decisão sua. “Eu cumpri todas as ordens que foram passadas”, acrescentou.
Troca de horários
O requerente do pedido do depoimento do coronel Casimiro, o deputado Fábio Felix (PSOL) também participou da oitiva e questionou sobre a troca de horário de um grupo de policiais que estavam escalados para começar a trabalhar de manhã, mas tiveram seus horários trocados para às 15 horas.
Vidro partido na Praça dos Três Poderes, em Brasília: resultado dos ataques terroristas de bolsonaristas no dia 8 de janeiro / Marcelo Camargo/ABr
O depoente confirmou que foi o responsável pela troca e justificou: “Eu falei: Flávio [seu subordinado no Comando], coloca o grupo de pronto emprego a partir das 15 horas, porque o DOP está concentrando o maior efetivo na parte da manhã”.
O coronel Casimiro confirmou ainda ao deputado Fábio Félix que estariam relacionados 580 militares para o dia 8 de janeiro, mas apenas a metade disso foi escalada para começar a trabalhar pela manhã. "As 15 horas os prédios já estavam sendo invadidos", lembrou o deputado, destacando que é preciso apurar o que ocorreu, pois "não foi obra do acaso, teve erro".
:: É possível comparar manifestações democráticas com o ato bolsonarista em Brasília? ::
Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues foi nomeado pelo ex-secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres, e exonerado no dia 11 de janeiro pelo ex-interventor federal no DF Ricardo Cappelli.
:: Clique aqui para receber notícias do Brasil de Fato DF no seu Whatsapp ::
Fonte: BdF Distrito Federal
Edição: Flávia Quirino
