América Latina-China

Honduras fecha 17 acordos com a China após abertura das relações diplomáticas com Pequim

Após deixar de reconhecer Taiwan, país da América Central manifestou interesse em entrar na Nova Rota da Seda

Pequim|China |
Cerimônia de boas-vindas à presidenta da República de Honduras, Xiomara Castro, na praça da entrada leste do Grande Salão do Povo, 12 de junho de 2023 - Liu Bin | Xinhua

Pela primeira vez na história, uma presidenta de Honduras viajou à República Popular da China. A visita de Estado aconteceu menos de três meses depois da abertura das relações diplomáticas entre os dois países. 

Cumprindo o que Xiomara Castro havia anunciado durante a campanha eleitoral, Honduras rompeu relações diplomáticas com Taiwan e reconheceu a existência de uma só China em março deste ano, reduzindo o número de países que não têm laços com o país asiático para treze. Mais da metade desses países estão na América Latina e Caribe: Belize, Guatemala, Paraguai, Haiti, São Cristóvão e Nevis, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas.  

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Durante a visita, o governo hondurenho afirmou sua disposição de se integrar à Nova Rota da Seda, uma iniciativa de integração e desenvolvimento econômico lançada há 10 anos pelo presidente chinês Xi Jinping. Ambos governos também chegaram a um consenso para começar a negociar um Tratado de Livre Comércio. 

A presidenta hondurenha destacou o papel da China no combate às desigualdades: "Aprecio esta histórica abertura de relações com a República Popular da China e com seu povo. Como presidenta de Honduras, reconheço apenas uma China, a que dirige o presidente Xi Jinping. [Reconhecemos] seus avanços e o desenvolvimento de seu povo, bem como sua liderança global promovendo as iniciativas que temos aceitado, cientes dos grandes desafios para reduzir as assimetrias e construir a tão necessária paz para redefinir o rumo da humanidade".

Xi lembrou que o ex-presidente Manuel Zelaya havia manifestado a possibilidade de que o país estabelecesse relações com a China. Em 2008, ano anterior ao golpe de Estado em Honduras, o então presidente do país havia manifestado essa intenção. Na época, a Costa Rica era o único país centro-americano que aderia ao princípio de Uma Só China. "A senhora cumpriu resolutamente sua promessa eleitoral de estabelecer relações diplomáticas com a China, tomando uma decisão histórica que demonstra uma firme vontade política. Seu esposo, o ex-presidente Sr. Zelaya, também desempenhou um papel ativo nesse sentido. Aprecio muito isso. A história lembrará sua contribuição para as relações entre a China e Honduras".

Os dois governos assinaram 17 acordos, incluindo vários protocolos para facilitar a exportação agropecuária hondurenha, especialmente de café. O país é o quinto produtor e exportador de café do mundo. Segundo o Instituto Hondurenho do Café, os pequenos produtores que cultivam o grão em até 5 hectares representam 95% do total

Mario Alejandro, empresário hondurenho do café, acredita que o início das relações diplomáticas tem grande potencial para o setor em seu país: "Em 2021, a China se tornou o 16º maior importador de café no mundo, US$ 497 milhões em importação de café. Isso poderia abrir, para nós hondurenhos, uma brecha para nos posicionarmos no continente asiático".

Durante o primeiro trecho da visita de Estado, Xiomara Castro se reuniu com a presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento, Dilma Rousseff, e pediu formalmente a entrada de Honduras na entidade. 

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Em visita à Torre de Tiananmen, a presidenta de Honduras lembrou o jornalista e militante Ramón Amaya Amador. Integrante do extinto Partido Comunista Hondurenho, ele foi o primeiro do país centro-americano a conhecer a República Popular da China, em 1952. 

* Com informações da CGTN.

Edição: Thales Schmidt