SELIC EM DISCUSSÃO

Inflação do atacado acumula queda de 7% e aumenta pressão por queda dos juros

Comitê de Política Monetária do Banco Central decide taxa básica de juros da economia nesta quarta-feira (21)

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |

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Safra de grãos reduziu preços de produtos agrícolas e reduziu inflação do atacado - Ministério da Agricultura

Depois de alcançar patamares históricos durante a pandemia, a alta de preços de produtos vendidos no atacado acumula queda de mais de 7% nos últimos 12 meses, reforçando a tendência de redução da inflação e abrindo espaço para um corte da taxa básica de juros da economia nacional, a Selic.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) se reúne a partir de terça-feira (20) para discutir uma eventual redução da taxa. Na quarta-feira (21), a decisão do órgão será divulgada. Governo, sindicatos de trabalhadores e empresários ligados à indústria e ao comércio defendem um corte imediato.

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A Selic é um instrumento usado pelo BC para conter a inflação. Quando ela sobe, desestimula investimentos e compras, e tende assim a segurar preços.

Com a Selic em alta, porém, o crescimento da economia tende a ser menor já que empresários e consumidores não investem nem compram.

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Hoje, a taxa básica de juros no Brasil está em 13,75% – uma das mais altas do mundo. A inflação, entretanto, vem caindo mês a mês.

Essa queda tende a prosseguir. Isso porque os produtos vendidos no atacado, de empresas para empresas, também estão com preços menores, de acordo com o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), calculado pela Fundação Getulio Vargas (FGV).

Em maio, o IPA registrou queda de 2,72%. Em 12 meses, ele acumula redução de 7,54%.

Uma queda assim que não tinha ainda sido registrada para um período semelhante do ano desde pelo menos 1995, no início do Plano Real. Em 2020, ano do início da pandemia, o IPA fechou o ano com alta de 31,64%.

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Em entrevista à CNN Brasil, o economista Fábio Silveira, sócio-diretor da consultoria MacroSector, reforçou a relevância da queda e como ela abre espaço para corte da Selic. "É brutal a deflação acumulada em 12 meses no atacado, e, olhando para isso, não sei se alguém ainda pode ter alguma dúvida de que é necessário reduzir os juros", disse.

Segundo Silveira, se os preços no atacado estão caindo, é natural que os preços no varejo também caiam. A preocupação com a inflação tende a diminuir. "Os preços no atacado funcionam como uma força gravitacional sobre os preços ao consumidor. Eles precedem o comportamento dos preços no varejo e, se estão caindo, significa que, em algum momento, os preços no varejo vão acabar caindo também", explicou, à CNN.

"As commodities estão ficando mais baratas em reais, o que está impactando os preços no atacado, o que, por sua vez, começa a chegar ao consumidor", acrescentou a economista-chefe da Armor Capital, Andrea Damico. "E ainda tem uma boa parte desta deflação do atacado que ainda precisa chegar no consumidor, o que tende, nos próximos meses, a continuar ajudando na desinflação dos bens industriais."

Edição: Nicolau Soares