'joga contra'

Após Lula subir o tom, Lindbergh pede ao CMN afastamento de Campos Neto

Crescem pedidos para que o Senado cobre que presidente do Banco Central cumpra funções estabelecidas para o cargo

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

Ouça o áudio:

Campos Neto foi indicado por Bolsonaro e tem mandato à frente do BC até 2024 - Agência Brasil

Um dia após o Banco Central insistir em manter a taxa básicas de juros do país em um patamar elevado, a adminstração Lula (PT) subiu o tom contra o presidente da instituição, Roberto Campos Neto.

Na tarde desta quinta-feira (22), o deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) apresentou denuncia ao Conselho Monetário Nacional (CMN) contra Campos Neto, dizendo que ele vem descumprindo os objetivos do BC. Farias pediu para que o CMN avalie pedir ao Senado a exoneração do presidente do banco. 

"A decisão do Conselho de Política Monetária (Copom) de manter a taxa Selic em 13,75% é inaceitável. Fica parecendo, cada vez mais, que Roberto Campos Neto e o Banco Central não estão agindo de forma técnica ao manter, pela sétima vez consecutiva, os juros em patamar tão elevado, mas, sim, agindo politicamente para travar a economia brasileira e sabotar o governo do presidente Lula", afirmou Lindbergh.

"A decisão do Banco Central veio acompanhada de um comunicado que é um acinte com a sociedade brasileira, ao falar que a conjuntura demanda 'paciência e serenidade na condução da política monetária'."

"O Banco Central exige paciência, mas o Brasil não pode esperar. As empresas que estão quebrando não podem esperar, as famílias endividadas não podem esperar, diversos setores da economia em retração não podem esperar", finalizou o parlamentar.

Até a Globonews

Na manhã desta quinta, Lula havia dito ser "irracional" manter a taxa básica de juros (Selic) em 13,75% ao ano e que Campos Neto, "joga contra a economia brasileira".

Lula foi perguntado sobre o assunto durante entrevista coletiva na Itália, para onde viajou em missão oficial. Ao responder a pergunta, disse que a discordância com a postura recente do BC não é exclusiva do governo.

"Quem tá brigando com o Banco Central, hoje, é a sociedade brasileira. A Confederação Nacional das Indústrias está brigando com o Banco Central; a Federação das Indústrias de SP, a maior do Brasil, está brigando com a taxa de juros; os maiores varejistas do Brasil estão brigando com a taxa de juros; os pequenos e médios empreendedores estão brigando com a taxa de juros; as pessoas que precisam de crédito para tocar a economia e tocar suas atividades, estão brigando com a taxa de juros", destacou.

Na entrevista, Lula defendeu que o Congresso Nacional, especialmente o Senado, faça cobranças diretas ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, e reforçou que o presidente da República não tem mais a prerrogativa de trocar a chefia do banco.

"O problema não é do governo, é da sociedade brasileira. Eu tenho cobrado dos senadores. Foram os senadores que colocaram esse cidadão lá. Então os senadores têm que analisar se ele está cumprindo aquilo que foi a lei aprovada para ele cumprir. Na lei que está aprovada, ele tem que cuidar da inflação, cuidar do crescimento econômico e cuidar da geração de emprego", disse o presidente.

Logo após o anúncio do Banco Central ainda na noite de quarta, a presidenta do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), já pedia que os senadores cobrassem Campos Neto.

 

 

Diversos setores produtivos vêm pedindo a queda da Selic, alegando que a inflação já está controlada - impedir o crescimentos dos índices inflacionários era o principal argumento para os juros altos. Na quinta-feira, mesmo a jornalista Míriam Leitão da GloboNews - emissora tradicionalmente associada com os setores mais liberais da economia - se pronunciou contra a decisão de Campos Neto


 

 

Edição: Rodrigo Durão Coelho