INTEGRAÇÃO REGIONAL

Brasil e Argentina adotam plano conjunto de desenvolvimento

Presidente Lula anuncia criação de uma linha de financiamento das exportações brasileiras

São Paulo (SP) |
Fernández e Lula em Brasília, comemorando 200 anos de relações diplomáticas - Sergio Lima/AFP

Brasil e Argentina formalizaram nessa segunda-feira (26) a adoção de um plano de ação conjunta de desenvolvimento. O anúncio foi feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que recebeu em Brasília o presidente argentino Alberto Fernández, num encontro que celebrou o bicentenário das relações diplomáticas entre os dois países.

O plano, segundo Lula, é composto de quase 100 ações que “dão concretude ao nosso projeto conjunto de desenvolvimento”. Ele mencionou que os dois governos estão trabalhando na criação de uma linha de financiamento das exportações brasileiras para a Argentina. “Não faz sentido que o Brasil perca espaço no mercado argentino para outros países porque esses oferecem crédito e nós não”.

O presidente disse acreditar que, com esse tipo de iniciativa, “todo mundo tem a ganhar: as empresas e os trabalhadores brasileiros e os consumidores argentinos”.

Lula também afirmou que há “perspectivas positivas” de financiamento do BNDES à exportação de produtos para a ampliação do gasoduto Néstor Kirchner, na Argentina, e falou da necessidade de encontrar soluções para ampliar a integração financeira e facilitar trocas comerciais, como a adoção de uma moeda de referência específica para o comércio regional, a moeda única. São temas antigos, que já haviam sido mencionados em janeiro, quando os dois presidentes se encontraram em Buenos Aires.

Alberto Fernández agradeceu o discurso do presidente Lula durante a Cúpula por um Novo Pacto de Financiamento Global em Paris, na semana passada, e os esforços do brasileiro para ajudar a Argentina a lidar com sua severa crise econômica. “Vi o que você falou em Paris sobre a relação do FMI com a Argentina, e agradeço sua assinatura na carta enviada ao Joe Biden (presidente dos Estados Unidos), que ajudou a mobilizar os demais líderes da América Latina”.

O ato fundador das relações diplomáticas entre os dois países ocorreu em 25 de junho de 1823, quando o líder argentino Bernardino Rivadavia celebrou a independência do Brasil e credenciou um enviado oficial para tratar pessoalmente com o Imperador Pedro I. As então Províncias Unidas do Prata foram, na prática, o primeiro estado a reconhecer o Brasil após a declaração da Independência, em 7 de setembro de 1822.

No encontro dessa segunda-feira em Brasília, 200 anos depois, Lula condecorou Alberto Fernández e sua esposa Fabíola Yañez com a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul e a Ordem de Rio Branco.

A Argentina é hoje o principal parceiro comercial e diplomático do Brasil na América do Sul. Em 2022, o volume de comércio entre os dois países foi de US$ 28,4 bilhões, dos quais as exportações brasileiras responderam por US$ 15,3 bilhões e as importações foram da ordem de US$ 13,1 bilhões. A Argentina é o terceiro maior parceiro comercial do Brasil e o primeiro na América do Sul.

Edição: Thales Schmidt