Articulação

Resolução final do Foro de São Paulo declara Cuba 'Patrimônio Universal da Dignidade'

Documento do 26º encontro da articulação destacou a necessidade de união do campo progressista

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26º encontro do Foro de São Paulo foi sob o lema 'Integração regional para avançar a soberania da América Latina e Caribe' - Nacho Lemus / TeleSUR

O 26º encontro do Foro de São Paulo acabou no último domingo (02/07), após quatro dias em Brasília, no qual representantes de diversos partidos e movimentos sociais da América Latina e Caribe estiveram em seminários debatendo o aprofundamento de uma unidade, integração e soberania regional.

A declaração final desta edição, publicada nesta terça-feira (04/07), apontou a necessidade do avanço na luta contra a extrema direita, observando a necessidade de superar diferenças para "construir" uma ampla unidade contra a "ofensiva conservadora" internacional.

Isso porque, segundo o documento, a região tem uma "segunda oportunidade" de conquistar uma maioria de governos progressistas na região. "Vamos superar as diferenças, construir a mais ampla unidade na diversidade de partidos, movimentos sociais e populares, e da intelectualidade progressista e de esquerda dentro de cada organização, país e continente", diz o documento.

Mas não só isso, Cuba foi declarada "Patrimônio Universal da Dignidade” pelo Foro de São Paulo por sua resistência "histórica" ao bloqueio "injusto e criminoso do poder imperial dos Estados Unidos". A articulação defende que a ilha socialista e o povo cubano são exemplos "para todas as nações e partidos populares do mundo".

A Opera Mundi, Jackson Ribeiro, que estuda o Foro de São Paulo na Universidade Federal do ABC (UFABC), afirmou que Cuba ser exaltada na resolução final faz parte do "principal objetivo da entidade", que é a luta por uma integração regional.

Esta edição do Foro homenageou Marco Aurélio Garcia, um dos fundadores e principais impulsionadores do Foro de São Paulo, a quem Ribeiro chamou de um dos "arquitetos da união latino-americana e caribenha". Com isso, o destaque na declaração final de solidariedade aos países Venezuela, Nicarágua e Cuba foi positivo para o doutorando da UFABC: "se entende que, para avançar nesse processo de integração, é necessário combater a ingerência dos Estados Unidos na região".

Ribeiro destacou que o Foro de São Paulo reivindica a "responsabilidade histórica de ser ponta de lança" desse processo de aproximação regional, pois consegue ser um espaço "privilegiado de diálogo e acumulação de forças para os desafios que virão, em termos sociais, eleitorais, culturais e econômicos".

"Ao longo do 26º encontro foi enfatizado a necessidade de retomar ações práticas que visem fortalecer o principal objetivo da entidade: uma maior integração da região. E os governos encabeçados pelas forças de esquerda e progressistas ao voltarem a fortalecer espaços como a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e retomar o processo da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) dão uma perspectiva prática a essa iniciativa integrativa", disse Ribeiro a Opera Mundi.

Novas conquistas do campo progressista

A declaração do 26º encontro do Foro de São Paulo também destacou as vitórias recentes do campo progressista na América Latina, como a de Luiz Inácio Lula da Silva, no Brasil, e Gustavo Petro, na Colômbia.

Para Ribeiro, por conta da vitória de Lula, que o Foro realizou a edição de 2023 em Brasília, como um "simbolismo" desse avanço pela soberania regional.

"O Brasil, pelo seu peso econômico e demográfico, certamente é um impulsionador fundamental da integração latino-americana e caribenha. Assim com a volta do Partido dos Trabalhadores (PT) ao poder executivo brasileiro, o Foro de São Paulo ganha novo fôlego para retomar o processo integrativo interrompido por algumas vitórias dos setores conversadores da região nos últimos anos" disse a Opera Mundi.