gUERRA

Mudanças no Exército russo: após sumiço de Surovikin, outro comandante é exonerado

Vazamento revela críticas de comandante do exército russo ao Ministério da Defesa e sua operação na Ucrânia 

Rio de Janeiro |
Militares russos participam da parada militar do Dia da Vitória, realizada na Praça Vermelha, no centro de Moscou, em 9 de maio de 2023. - Kirill Kudryavtsev / AFP

O comandante do 58º Exército de Armas Combinadas da Rússia, Ivan Popov, declarou que foi afastado do cargo depois de relatar ao comando a "principal tragédia da guerra moderna" e criticar as decisões da liderança do Ministério da Defesa da Rússia. A fala foi noticiada após o vazamento de uma mensagem de áudio. 

Na última quarta-feira (12), o apelo de Popov, que provavelmente originalmente se destinava apenas a colegas, foi publicado pelo deputado da Duma Estatal, Andrei Gurulev, que também comandou o 58º Exército no passado.

"Sinceramente, estou lhes dizendo, surgiu uma situação difícil com as autoridades superiores, com a qual tinha que se ficar calado e covardes e dizer o que queriam ouvir, ou chamar as coisas pelos seus nomes", afirma Popov no apelo.

Segundo Popov, ele delineou "rigidamente" todas as questões problemáticas do exército russo "no trabalho de combate, no apoio". "Chamei a atenção para a tragédia mais importante da guerra moderna: a ausência de combate de contrabateria, a ausência de estações de reconhecimento de artilharia e as mortes e ferimentos em massa de nossos irmãos pela artilharia inimiga", disse o ex-comandante.

"Nesse sentido, os comandantes superiores, aparentemente, sentiram algum tipo de perigo em mim e rapidamente, em um dia claro, inventaram uma ordem, o Ministro da Defesa assinou a ordem e se livrou de mim", acrescenta a mensagem. 

A substituição do comandante ocorreu durante a contraofensiva em andamento das Forças Armadas da Ucrânia na região de Zaporozhye na direção de Tokmak, onde o 58º Exército forma a base das tropas russas de defesa.

Na véspera da publicação do apelo do major-general Popov, o tenente-general Oleg Tsokov, vice-comandante do Distrito Militar do Sul, morreu como resultado de um ataque com míssil. Ele se tornou o soldado russo de mais alta patente a morrer em uma zona de combate desde o início do conflito.

O Kremlin, por sua vez, se recusou a comentar a situação com o comandante do 58º Exército, Ivan Popov. 

“Não comentamos. Ainda assim, estamos falando dos militares, do Ministério da Defesa, por isso recomendamos que vocês os contatem para comentários. Não acreditamos que este seja um assunto em nossa agenda”, disse o porta-voz presidencial, Dmitry Peskov, ao ser questionado por jornalistas se Vladimir Putin estaria ciente da situação com Popov.

Onde está Surovikin? 

Enquanto isso, permanece a incógnita sobre o paradeiro do comandante das Forças Aeroespaciais e vice-chefe do Estado-Maior do exército russo, Serguei Surovikin, que não aparece em público desde o motim do grupo Wagner, em 24 de junho.

Anteriormente, foi publicado pelo portal Verstka que Surovikin foi detido pelo Serviço Federal de Segurança (FSB) sob suspeita de envolvimento na organização da rebelião, mas ainda não teria sido feita nenhuma acusação contra ele. O Financial Times também informou sobre a suposta detenção do general, e a agência Bloomberg relatou que ele foi interrogado por vários dias sobre seus laços com Yevgeny Prigozhin.

Na última quarta-feira (12), o chefe do Comitê de Defesa da Duma, Andrei Kartapolov, disse que Surovikin "está descansando" e está "indisponível".

Edição: Thales Schmidt