Pau a pau

Eleições gerais na Espanha terminam com vitória apertada da direita

PP elegeu mais parlamentares e pode levar extrema direita junto ao poder, pela primeira vez desde a ditadura de Franco

Brasil de Fato | Campinas (SP) |
Eleitores e eleitoras vão às urnas no município de Badalona; Eleições na Espanha foram finalizadas neste domingo (23) - © Josep Lago/ AFP

Sob a liderança de Alberto Nuñez Feijóo, o Partido Popular (PP) conquistou 136 cadeiras nas eleições legislativas da Espanha, realizadas neste domingo (23). No entanto, a legenda não alcançou maioria absoluta de 176 vagas no parlamento, o que pode levar a uma aliança com o partido de extrema-direita Vox, terceiro colocado, com 33 assentos. 

Na esquerda, o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), sob liderança de Pedro Sánchez, levou 122 vagas. Em quarto lugar, ficou o também esquerdista Sumar, com 31. A expectativa é de que ambos também formem aliança. 

A possível coalizão de direita levará um grupo radical conservador ao poder pela primeira vez em mais de 40 anos. Desde 1975, quando acabou a ditadura de Francisco Franco, os resultados das eleições têm se dividido entre PSOE e PP, de direita. 

Ainda não há confirmação oficial sobre um acordo entre os partidos de direita. No entanto, eles formaram coligações em mais de 130 câmaras de estados e municípios. Feiijoó não admite a possibilidade de uma coalização publicamente, mas deve ficar sem saída diante do resultado.

Ainda que se juntem, as duas legendas não formarão maioria no parlamento, o que traz incertezas ao futuro da política espanhola. Nas redes sociais, publicações chegaram a mencionar que será preciso convocar uma nova votação. 

Considerada a eleição mais incerta da Espanha desde o fim do franquismo, a votação deste ano teve apuração tensa, com os dois principais partidos do país - PP e PSOE, - encostados em praticamente todo o processo. Cerca de 24 milhões de pessoas foram às urnas.

Extremismo perdeu força

O Vox surgiu em 2013 e ganhou força a partir de 2018. O crescimento foi muito permeado pelos ânimos frente às tentativas de independência da Catalunha e a ampliação de discursos extremistas na internet. O partido é contra imigrantes, os direitos das mulheres, a pauta LGBTQIAPN+, as políticas de sustentabilidade e a agenda das Nações Unidas (ONU) contra as mudanças climáticas.  

Apesar de ter ficado na terceira colocação no pleito, a legenda perdeu cadeiras em relação às eleições de 2019. Caiu de 52 lugares para 33. O PP, que saiu do poder em 2018 após escândalos de corrupção, teve 89 vagas no pleito anterior. Do outro lado, o PSOE conquistou 120 postos na votação passada e Sumar, 35.

O resultado pode dar mais espaço para a busca de apoio entre as pequenas legendas. Os dois maiores partidos de direita somaram 169 vagas e os de esquerda chegaram a 153. Segundo o jornal El País, o líder do Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), Gabriel Rufián, comentou o assunto minutos antes do final da apuração.

"Podemos inclinar a balança. Desde o primeiro minuto nos colocamos à disposição para fazer o que dissemos que faríamos, que é estabelecer um preço. Colocar um dilema na mesa do progressismo espanhol: ou a Catalunha ou o Vox". O ERC vai ocupar sete assentos no parlamento.

 Já Míriam Nogueras, candidata do Junts, de centro-esquerda, afirmou que a prioridade da legenda é a Catalunha. “Abre-se um palco para a mudança, para recuperar a unidade. No Junts mantivemos a posição, mas valeu a pena. Não faremos de Pedro Sánchez presidente a troco de nada".

 

 

Edição: Douglas Matos