Negociação

Na Espanha, Sánchez descarta nova eleição e promete formar governo com regionalistas

PSOE foi o segundo mais votado, mas pode manter o poder se conformar aliança com legendas da Catalunha e País Basco

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O atual premiê espanhol Pedro Sánchez - Pierre-Philippe Marcou / AFP

O Partido Socialista Operário da Espanha (PSOE) realizou a reunião da sua executiva federal na manhã desta segunda-feira (24/07), um dia após as eleições gerais do país cujo resultado foi surpreendentemente favorável à legenda governista.

Apesar de terminar como o segundo mais votado – atrás do conservador Partido Popular (PP) –, o PSOE elegeu dois parlamentares a mais no Congresso, em comparação com 2019, e mantém alguma esperança de formar maioria para manter seu líder, Pedro Sánchez, na presidência da Espanha por mais quatro anos.

Na reunião, o próprio Sánchez se encarregou de promover o otimismo no partido ao assegurar que “o PSOE encontrará a fórmula da governabilidade”, segundo o diário espanhol Público.es.

A declaração de Sánchez faz alusão ao fato de que o partido precisará construir uma difícil aliança com partidos regionalistas da Catalunha e do País Basco, tanto de esquerda quanto de direita, para poder alcançar a maioria necessária e formar governo.

Os 122 parlamentares eleitos pelo PSOE neste domingo (23/07), junto com os 31 eleitos pelo Movimento Somar – segunda maior força progressista do país, formada por dissidentes do já extinto Podemos –, os sete da Esquerda Republicana Catalã (ERC) e os seis da Esquerda Basca (EH Bildu) conformam uma bancada de 166 representantes, três a menos que a coalizão de direita entre o PP e o Vox (extrema direita).

O fiel da balança para se chegar ao número mágico de 176 representantes no Congresso, pelo qual se conforma uma maioria mínima, serão os partidos regionalistas de centro-direita, especialmente os da Catalunha e do País Basco: o Juntos pela Catalunha, que elegeu sete parlamentares e o Partido Nacionalista Basco, que elegeu cinco – também possuem representação a Coalizão das Ilhas Canárias (CCa), o Bloco Nacionalista Galego (BNG) e a União do Povo de Navarra (UPN), com um parlamentar cada.

Após a reunião da executiva, Sánchez disse que seu partido vai buscar os acordos necessários com as legendas regionalistas para formar uma maioria, apesar de partir com menos representantes que o PP.

“As espanholas e espanhóis votaram pelo progresso e disseram ‘não’ à involução, e agora cabe ao PSOE fazer jus a essas expectativas”, afirmou o atual presidente espanhol, que tenta se manter no poder.

Possibilidade de novas eleições

Outra preocupação de Sánchez e do PSOE após a reunião da executiva foi a de garantir à sua militância que não haverá uma nova eleição – embora esse seja um cenário possível, caso nem os socialistas nem a direita consigam conformar uma maioria para chegar ao governo.

“Estamos cientes de que nossa missão agora é trabalhar para que não haja um cenário de ingovernabilidade, e por isso asseguramos que não haverá repetição eleitoral”, disse o mandatário espanhol.

Sánchez também criticou o líder do PP, o senador Alberto Núñez Feijóo, que disse em seu discurso na noite de domingo que a tradição política espanhola proíbe o partido que ficou em segundo de tentar formar uma coalizão de governo.

Em efeito, isso nunca aconteceu na Espanha desde o fim da ditadura de Francisco Franco (1936-1975), mas não existe uma norma sobre isso, ou seja, segundo a lei eleitoral espanhola, o PSOE pode sim tentar formar uma aliança majoritária com os demais setores.

“Vamos deixar o PP falando sozinho, deixá-los cozinhar em seu próprio molho, e nos mantermos focados na missão de ampliar nossa aliança”, disse o líder do PSOE.