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Associação de economistas defende Pochmann no IBGE após críticas na imprensa

Nome do economista da Unicamp não foi confirmado por Lula, mas já é alvo de agressões

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |

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Associação de economistas publicou nota em apoio a Marcio Pochmann - Foto: Pedro França/Agência Senado

A Associação Brasileira de Economistas pela Democracia (Abed) publicou nota pública em defesa do economista Marcio Pochmann, que sofreu ataques de figuras da imprensa comercial após ter o nome cotado para assumir a presidência do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A entidade, que reúne economistas, estudantes e outros profissionais e acadêmicos voltados à área econômica, destacou que Pochmann "tem uma longa carreira acadêmica e profissional e, como é prática dessa carreira, foi ampla e recorrentemente avaliado por seus pares".

Sem citar nomes, a entidade destaca que três textos pretensamente jornalísticos foram publicados com tentativas de desqualificar o trabalho do economista. A nota critica insinuações de que ele, se indicado, poderia manipular índices de inflação.

Em texto publicado no jornal O Globo sobre a possível nomeação de Pochmann, a jornalista Miriam Leitão afirmou que o economista "fez uma gestão ideológica no Ipea e o fará no IBGE, caso seja confirmado". Ela afirmou que "um risco é sempre a interferência na metodologia quando os dados não forem favoráveis ao governo".

Também em O Globo, a colunista Malu Gaspar publicou um texto em que afirma que o Ministério do Planejamento teme a nomeação de Pochmann. "(...) no Planejamento a possibilidade de Pochmann vir a comandar o IBGE é tratada como 'um desastre', diz o artigo.

Pochmann é professor de economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade Federal do ABC (UFABC), ambas em São Paulo. Foi presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e da Fundação Perseu Abramo.

Embora o nome de Pochmann não tenha sido confirmado oficialmente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a presidenta do partido, deputada federal paranaense Gleisi Hoffmann, falou abertamente sobre eventual indicação. Pelo Twitter, demonstrou apoiar o nome.

Outros nomes do campo da esquerda também saíram em defesa de Pochmann. 

Confira a íntegra da nota da ABED:

Três matérias, ditas jornalísticas, foram publicadas em menos de 24 horas com tentativas de desqualificar o economista, professor e pesquisador Márcio Pochmann. Os textos, de cunho político indiscutível, pretendem disseminar a ideia de que seu percurso profissional e acadêmico não o habilita a ocupar a presidência do IBGE.

Advogam que haveria perfis puramente técnicos para o cargo e que este deveria ser ocupado por um desses perfis. Desde logo, não há perfil puramente técnico entre economistas e, tampouco, entre os jornalistas ou entre profissionais de qualquer outro ramo. O professor Márcio Pochmann tem uma longa carreira acadêmica e profissional e, como é prática dessa carreira, foi ampla e recorrentemente avaliado por seus pares.

O debate, entre atores políticos, como demonstram ser o jornalista e as duas jornalistas que assinaram tais matérias, sobre o futuro do IBGE e a escolha de seu novo presidente é salutar. Nocivo é cobrirem-se do véu de jornalistas neutras para atuarem politicamente. Infame e vil é tentarem disseminar a ideia, atribuída a terceiros não identificados, de que Pochmann poderia manipular índices de inflação.

A Associação Brasileira de Economistas pela Democracia repudia o ataque orquestrado contra Márcio Pochmann, contra a Unicamp e contra as linhas de pensamento econômico críticas ao neoliberalismo. Repudia, ademais, a ética jornalistica, ou a ausência dela, praticada nestes três exemplos.

Associação Brasileira de Economistas pela Democracia

Edição: Thalita Pires