dados inéditos

Mais de 14 mil quilombolas residem na Região Integrada de Desenvolvimento do DF e Entorno

Especialistas e comunidade cobram a implementação de políticas públicas especificas para população

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Brasil tem mais de 1,3 milhão de quilombolas, apontou censo inédito do IBGE - Mariana Diniz

O Censo 2022 investigou pela primeira vez a população quilombola do país e constatou que somam 1.327.802 de pessoas. Na região Centro-Oeste foram contabilizados 44.957 quilombolas, sendo que a maioria está no estado de Goiás (30.387), que é o oitavo no ranking nacional.

No DF foram contabilizados 305 quilombolas, mas este número foi bem maior em diversos municípios da Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (RIDE-DF).

Um exemplo é Cavalcante, município em que está localizada a comunidade quilombola Kalunga, com 3.528 pessoas, sendo uma das maiores do Brasil. Além disso, o município de 9.589 habitantes conta com outras comunidades e a população quilombola total chega a 5.473, sendo a maior da Região. Outros municípios com grande população quilombolas são: Flores de Goiás (2.476), Niquelândia (1.946), Barro Alto (1.338) e Cidade Ocidental (1.300), dentre outros.

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O número representativo de quilombolas em todo Brasil e especificamente na região chamou a atenção dos especialistas que acreditam que políticas públicas específicas para esta população poderão ser desenvolvidas a partir do Censo 2022.

“O poder público sempre nos diz que não sabiam quanto éramos. Usavam essa desculpa e agora já não vai ser  mais possível,  porque temos os números de quilombolas do município”, afirmou a professora quilombola Givânia Silva, que integra a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq). 

Uma importante demanda da Conaq é a cobrança para a implementação de cotas para quilombolas nas universidades. A Universidade de Brasília implementou essas cotas este ano, a Universidade Federal de Goiás (UFG) e a Universidade Estadual de Goiás (UEG) já contam com cota para quilombolas, mas a professora Givânia acredita que essas políticas podem ser alteradas com os números do Censo. “Com esses números eu acredito que as cotas [para quilombolas] precisaram ser expandidas”, justificou. 

Ao falar especificamente do estado de Goiás, Givânia destacou que o estado e os municípios precisarão desenvolver políticas específicas voltadas para a população quilombola.

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“Os gestores do estado de Goiás não têm mais como argumentar para não elaborar políticas públicas pensando especificamente na população quilombola”, afirmou Givânia, acrescentando que "é preciso realizar um trabalho de políticas públicas para tirar muitas comunidades que ainda estão na invisibilidade".

Para a quilombola Cris Borges, que estudou Educação do Campo pela UnB, o Censo 2022 deve contribuir, principalmente, na luta por políticas públicas com ênfase nas especificidades, que levam em consideração a bagagem da população. 

“Na Educação que seja feito um currículo específico para os quilombolas, de forma a considerar conhecimento empírico, a história, memória e identidade. Na saúde que o atendimento seja diferenciado, colocar ambulâncias com tração 4x4 para atender os pacientes nas comunidades, pois a maioria tem difícil acesso, assistir as gestantes, crianças, idosos”, destacou Cris. 

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Municípios da RIDE-DF e população quilombola:

Águas Lindas de Goiás (GO) - 34 

Alvorada do Norte (GO) - 17

Barro Alto (GO) - 1.338

Cavalcante (GO) - 5.473

Cidade Ocidental (GO) - 1.300

Corumbá de Goiás (GO) - 76

Cristalina (GO) - 14

Flores de Goiás (GO) - 2.476

Formosa (GO) - 102

Goianésia (GO) - 139

Luziânia (GO) - 32

Mimoso de Goiás (GO) - 84

Niquelândia (GO) - 1.946

Padre Bernardo (GO) - 205

Pirenópolis (GO) - 53

Planaltina (GO) - 1

São João d’Aliança (GO) - 133

Simolândia (GO) - 146

Valparaíso de Goiás (GO) - 107

Vila Boa (GO) - 437

Vila Propício (GO) - 17

Unaí (MG) - 24

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Fonte: BdF Distrito Federal

Edição: Flávia Quirino