NOVA ORDEM

Dólar fora da jogada: Argentina anuncia que usará moeda chinesa para pagar dívida ao FMI

Ministro da Economia e pré-candidato presidencial governista, Sergio Massa, diz que o país não usará reservas

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Cédular de dólar e yuan, a moeda nacional da China. - Fred Dufour / AFP

Em declaração realizada nesta segunda-feira (31/07), o ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, afirmou que o país realizará o pagamento da próxima parcela da dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI), em agosto, utilizando o yuan, moeda da China, e não o dólar norte-americano.

Segundo o diário Página/12, o ministro argentino comentou, em coletiva para os meios locais, que “o atual governo cumpre com seus compromissos, e vai arcar com este utilizando o swap de yuans adquirido em acordo ampliado com o governo chinês”.

A declaração foi feita pela manhã, minutos antes da abertura dos mercados. Massa também disse que “para dar maior tranquilidade aos investidores, posso assegurar que a Argentina não vai usar um único dólar de suas reservas internacionais” no pagamento dessa parcela.

A medida é divulgada dias depois de o governo argentino fechar um acordo com o FMI que estabeleceu um novo cronograma de pagamentos da dívida adquirida pelo país em 2018, durante o governo do ex-presidente Mauricio Macri (2015-2019).

Esse acordo, fechado na última quinta-feira (27/07), também permitiu ao país ter acesso à última parcela do financiamento aprovado há cinco anos, o que significa um desembolso de US$ 7,5 bilhões (quase R$ 36 bi), que Buenos Aires deve receber entre os dias 17 e 21 deste mês.

A Casa Rosada afirmou que esses recursos serão usados justamente para fortalecer as reservas federais e para financiar medidas visando amenizar os efeitos causados pela seca histórica vivida pelo país este ano, fenômeno atribuído às mudanças climáticas sofridas pelo planeta.

Efeitos eleitorais

A presença de Massa realizando os anúncios, e não a ministra porta-voz Gabriela Cerruti, é tida por parte da imprensa local como uma estratégia para fortalecer sua imagem como principal responsável pelo acordo, visando os possíveis créditos eleitorais que ele pode receber em sua campanha como pré-candidato presidencial.