Coluna

A importância do Censo para os estudos sobre o Espírito Santo e a Grande Vitória

Censo 2022 apontou aumento aumento de 9,1% no número de habitantes do Espírito Santo - Divulgação/IBGE
Serra é o município mais populoso do estado, com 520 mil habitantes, estando a capital na 4ª posição

Por Pablo Lira*

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) estudaram em conjunto os primeiros resultados do Censo 2022, com o recorte nas regiões e metrópole do estado do Espírito Santo. O IJSN coordena o Núcleo Vitória do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) Observatório das Metrópoles, uma das maiores redes de pesquisa do país.

O número de pessoas residentes no Brasil cresceu de 190 milhões para 203 milhões de pessoas entre 2010 e 2022, aumentando 6,5% nos últimos 12 anos. Nessa mesma comparação temporal, o Espírito Santo evidenciou um aumento do número de habitantes de 9,1%. A população do estado expandiu de 3,5 milhões para 3,8 milhões de habitantes, um aumento de mais de 318 mil, o que equivale à população da capital Vitória, aproximadamente. 

A Região Metropolitana da Grande Vitória (RMGV) concentrou 49,1% da população do Espírito Santo em 2022. A metrópole também concentra 57,6% do Produto Interno Bruto (PIB) do estado e é a região mais dinâmica nas perspectivas demográfica e econômica. 

Nas pesquisas socioeconômicas do INCT Observatório das Metrópoles, a RMGV chama a atenção por algumas particularidades. O município polo metropolitano, Vitória, não é o mais populoso da RMGV, por exemplo. A capital do Espírito Santo é o quarto município mais populoso da metrópole e do estado. 

Nesse sentido, os primeiros resultados do Censo e os demais dados que serão divulgados nos próximos meses são muito relevantes para os estudos da geografia da população e análises regionais. Estas análises são fundamentais para subsidiar a elaboração e o aprimoramento de políticas públicas para melhorar a qualidade de vida da sociedade e promover o desenvolvimento regional sustentável do Brasil e Espírito Santo. 

:: Censo Quilombola: políticos, ativistas e lideranças celebram a divulgação de dados e reforçam a importância do resgate histórico ::

Serra é o município mais populoso do Espírito Santo 

Na escala dos municípios capixabas, entre 2010 e 2022, o maior crescimento populacional proporcional ocorreu em Presidente Kennedy (+29,9%), localizado no sul do estado. O menor crescimento do número de habitantes foi contabilizado em Pancas (-12,3%), que se situa na porção norte do Espírito Santo. No ano de 2022, com mais de 520 mil pessoas residentes, Serra se caracterizou como o município mais populoso do Espírito Santo. Já Divino de São Lourenço, na porção sul do estado, apareceu na pesquisa como o município menos populoso, com aproximadamente 5 mil pessoas residentes. 

Com base na análise regional dos dados censitários de 2022, é possível constatar que os municípios do Espírito Santo podem ser classificados em três grupos: aqueles com menos de 20 mil habitantes; com 20 a 50 mil pessoas residentes e com mais de 50 mil habitantes. 

O Espírito Santo possui 42 municípios com menos de 20 mil pessoas residentes, 25 municípios com população entre 20 mil e 50 mil habitantes e 11 municípios com mais de 50 mil habitantes, de acordo com as análises conjuntas do IBGE e IJSN. O primeiro grupo de municipalidades registrou crescimento de 2,3% no número de habitantes. No segundo grupo, formado por municípios com 20 a 50 mil habitantes, o aumento foi de 7,9%. E, nos municípios mais populosos do Espírito Santo, a expansão foi de 10,8%. 

O grupo de municípios mais populosos foi composto por Serra (520 mil habitantes), Vila Velha (467 mil pessoas residentes), Cariacica (353 mil habitantes), Vitória (322 mil pessoas residentes), Cachoeiro de Itapemirim (185 habitantes), Linhares (166 mil pessoas residentes), Guarapari (124 mil habitantes), São Mateus (123 mil pessoas residentes), Colatina (119 mil habitantes), Aracruz (94 mil pessoas residentes) e Viana (73 mil habitantes). 

Os sete municípios que conformam a Região Metropolitana da Grande Vitória (RMGV) se caracterizaram no grupo dos municípios mais populosos do Espírito Santo (Serra, Vila Velha, Cariacica, Vitória, Guarapari e Viana), exceto Fundão (18 mil habitantes). 

:: Censo 2022: primeiro olhar para a Região Metropolitana de São Paulo ::

Censo é a mais relevante e robusta pesquisa demográfica 

O Censo é uma importante fonte para a produção de informações e conhecimento científico sobre as realidades brasileiras nas perspectivas rural, urbana, metropolitana, regional e dos processos relacionados à transição demográfica e outros processos e dinâmicas populacionais. Em 2023, após a divulgação dos primeiros resultados e dados, é possível afirmar que o Censo é a pesquisa demográfica mais relevante e robusta, fornecendo informações fundamentais sobre o território e a população brasileira. Isso subsidia o desenvolvimento, aprimoramento, monitoramento e avaliação de políticas públicas com base em evidências científicas. Dessa forma, o país adquire um melhor entendimento dos padrões e tendências dos aproximadamente 203 milhões de cidadãos brasileiros, distribuídos pelos mais de 5.500 municípios em todo o território nacional. 

As informações censitárias são fundamentais para o planejamento e processo decisório sobre a construção de unidades de saúde, hospitais e escolas, o desenvolvimento de programas sociais e a definição de projetos e investimentos prioritários na área de habitação, saneamento básico, logística, transportes, mobilidade urbana, infraestrutura, energias e outras temáticas que influenciam a vida dos brasileiros. 

A atualização dessas informações permite, também, balizar e calibrar a distribuição de recursos financeiros para estados e municípios, como ocorre com o Fundo de Participação dos Estados (FPE) e o Fundo de Participação dos Municípios (FPM). 

 

* Pablo Lira é doutor em Geografia, mestre em Arquitetura e Urbanismo, coordenador do Núcleo Vitória do INCT Observatório das Metrópoles, pesquisador do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) e professor da Universidade Vila Velha (UVV).

** Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Rodrigo Chagas