MOBILIZAÇÃO

Em Belo Horizonte, mulheres realizam manifestação contra a cultura do estupro nesta quinta (3)

Protesto denuncia violência contra a jovem, no último domingo, e está marcado para às 17h, na Praça Sete

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) |
A mobilização começou após uma jovem, de 22 anos, ter sido deixada sozinha e desacordada na rua por um motorista de aplicativo e, posteriormente, ter sido estuprada por outro homem. - Foto: Instagram/ marinaaraujobh

Mulheres da capital mineira realizam, nesta quinta-feira (3), uma manifestação contra a cultura do estupro. A concentração está marcada para às 17h, na Praça Sete, no Centro de Belo Horizonte.

A mobilização começou após uma jovem, de 22 anos, ter sido deixada sozinha e desacordada na rua por um motorista de aplicativo e, posteriormente, ter sido estuprada por outro homem. O caso aconteceu na madrugada do último domingo (30), na região Noroeste da cidade.

Yany Mabel, representante da Frente 8 de Março Unificado, que convocou o protesto, destaca que é preciso lutar contra a violência que assola a vida das mulheres e exigir políticas que garantam a segurança e o direito à vida.

“A sociedade precisa se posicionar frente à cultura do estupro. Não podemos tratar com naturalidade as violações dos nossos corpos, que acontecem por sermos mulheres. É urgente um grande ato, que reúna toda a sociedade civil, com o objetivo de confrontar essa cultura, exigir justiça e cobrar políticas públicas para as mulheres”, avalia, ao Brasil de Fato MG.

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Karina Moraes, da Marcha Mundial das Mulheres (MMM), explica que a cultura do estupro é consequência do modelo de sociedade que, historicamente, é alicerçada no machismo e no patriarcado. Por isso, falar sobre o tema é também apontar para os mecanismos de retirada de direitos das mulheres, que têm em seu ápice o feminicídio.

“Nossa sociedade é marcada pela concepção de que os corpos das mulheres podem ser controlados e acessados sem consentimento. E a cultura do estupro nada mais é do que um mecanismo de controle sobre as nossas vidas. Justamente por isso, esse quadro não pode ser lido como um fenômeno isolado. É sobre ceifar nosso direito ao espaço público, de viver, de ir e vir, à saúde, à vida digna”, comenta.

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Assim como Yany, Karina acredita que superar esse cenário passa pela conquista de políticas públicas e por transformações em todos os aspectos que estruturam a sociedade.

“É importante que a gente avance em políticas públicas, contra as violências patriarcais. E, mais do que isso, que a gente supere um sistema jurídico, que muitas vezes se porta de forma parcial, orientado por marcadores de gênero, raça e classe, não raramente, revitimizando as mulheres”, avalia Karina.

Pedido de reunião com prefeito

Frente ao caso, outra iniciativa é tomada pela Associação de Acolhimento Casa das Marias, que enviou um ofício para a Prefeitura de Belo Horizonte solicitando uma reunião com o prefeito Fuad Noman (PSD) para discutir medidas de regulamentação da ação de motoristas de aplicativo.

Entre as propostas que a associação pretende discutir com a prefeitura, está a de que, em casos como esses, nos quais a passageira está em situação de vulnerabilidade, o motorista deve conduzi-la até uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) ou até um ponto de atendimento da Polícia Militar.

Essas, como reforça a associação, seriam formas de garantir a integridade física e psicológica das passageiras.

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Fonte: BdF Minas Gerais

Edição: Larissa Costa