Violência Política

Sâmia aciona PGR por fala machista e gordofóbica de presidente da CPI do MST

"A senhora está nervosa, deputada? Quer um remédio ou quer um hambúrguer?", disse Zucco à psolista

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Na CPI, Sâmia Bomfim vem sendo interrompida frequentemente pelo presidente da comissão - Myke Sena/Câmara dos Deputados

A deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) acionou a Procuradoria-Geral da República (PGR) e o Conselho de Ética da Câmara contra o tenente-coronel Zucco (Republicanos-RS), presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). 

O congressista fez uma fala machista e gordofóbica direcionada à deputada do PSOL, oferecendo, em tom de deboche, um remédio para se acalmar ou um hambúrguer. "A senhora pode, também, daqui a pouco, tomar qualquer atitude, ficar mais calma. A senhora está nervosa, deputada? Quer um remédio ou quer um hambúrguer?", disse Zucco em sessão da CPI nesta quinta-feira (3)

A assessoria de imprensa afirmou que o fato será juntado a um inquérito já aberto na PGR acerca de outros episódios em que Zucco praticou violência política de gênero na CPI. No total, o presidente da comissão desligou 25 vezes o microfone de Sâmia enquanto a deputada falava.

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Em outra ocasião, Zucco mandou Sâmia ficar "calada" e "respeitar os demais deputados", acusando-a de não deixar os outros parlamentares falar. "Qual é o seu objetivo, deputada Sâmia? Quer que eu encerre a sessão? Fique calada e respeite os demais deputados", ameaçou Zucco.

O presidente da CPI também permitiu que o deputado General Girão (PL-RN) também fizesse declarações "misóginas e absurdas" contra Sâmia, na visão do PSOL. O parlamentar disse em referência à deputada que "ela acha que, por ser mulher, não pode ser interrompida" e que respeitava as mulheres "responsáveis pela procriação e harmonia da família".

Em outro momento, o relator da CPI, o deputado Ricardo Salles (PL-SP) disse que a deputada estava se vitimizando e sugeriu uma representação conjunta contra a deputada. "Sempre que esta deputada quer se vitimizar diz que é interrompida, então esse momento precisa ficar registrado", afirmou o ex-ministro do governo Bolsonaro.

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Para Sâmia, "isso só corrobora com a desmoralização dessa comissão que, em vez de criminalizar o [MST] como eles pretendiam, só tem acumulado episódios de abuso de autoridade e violência política de gênero. Por esse crime, aliás, ambos já respondem a inquérito na PGR e essa agressão de hoje será aditada aos autos do processo, assim como à representação que o PSOL protocolou contra Zucco no Conselho de Ética da Câmara”, disse à Revista Fórum.

Zucco, por sua vez, afirmou que o objetivo das deputadas Sâmia Bomfim, Fernando Melchionna (PSOL-RS) e Talíria Petrone (PSOL-RJ) é "interromper trabalhos, fazer provocações baixas e desrespeitosas com seus colegas para, no final, posarem de vítimas apenas pelo fato de serem mulheres", disse ao UOL. 

Edição: Rodrigo Chagas