Criminalização

Conheça curso de agroecologia alvo de diligência bolsonarista na CPI do MST

Três assentamentos em Alagoas receberão visitas de deputados nesta sexta-feira

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Produção de café agroecológico no assentamento Flor do Bosque, em Messias(AL) - Pedro Stropasolas

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instalada para investigar o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) fará diligências nesta sexta-feira (11) nos assentamentos Ouricuri I, II e III, no município de Atalaia (AL).

Os integrantes do movimento estão preparados para mostrar aos deputados as conquistas da luta pela terra na região. "Nossa expectativa é apresentar e debater com os deputados o papel que cumpre a reforma agrária para o desenvolvimento do campo, em especial, de Alagoas", afirmou Débora Nunes, coordenadora do movimento no estado, sob a expectativa da visita. A militante também fez críticas ao objetivo da CPI. "Do ponto de vista do objeto, do fato determinado da CPI, ela já nasceu morta. Já nasceu com relatório pronto", afirmou.

O pedido de vistoria foi feito pelo deputado bolsonarista Delegado Fábio Costa (PP-AL), com o objetivo de fiscalizar curso de bacharelado em agroecologia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). O curso é oferecido pelo Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera). O deputado diz que recebeu denúncias contra os assentamentos.

"Uma visita presencial dos membros da Comissão permitirá que eles avaliem o local de funcionamento, a existência de alojamentos, se funcionam em imóvel próprio ou alugado e, caso funcionem em imóvel alugado, que coletem as informações pertinentes ao mesmo", diz o requerimento.

A reportagem do Brasil de Fato esteve nos assentamos que receberão a vistoria desta sexta. O local é um polo da distribuição de conhecimento em agricultura para os trabalhadores rurais. "Quando eu vou para a universidade, eu tenho responsabilidade com a minha comunidade. Qualquer conhecimento que eu tenho eu compartilho com eles", explicou a graduanda Maria do Bosque.

O primeiro curso superior em agroecologia pelo Pronera nasceu em 2018 pela parceria entre o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e a Ufal, a partir da demanda dos movimentos sociais do campo. É um importante capítulo na luta pela educação do campo e pela Reforma Agrária em Alagoas.

"Para nós, é uma surpresa muito grande saber que o Pronera será investigado. Porque, enquanto foi retirado o orçamento do Pronera, os deputados estão preocupados se tem alguma irregularidade onde está sendo acolhida a primeira turma, o orçamento do Pronera não foi orçado esse ano, nem os anos anteriores. Os deputados deveriam se preocupar é como está o orçamento para inserir mais trabalhadores nas universidades", disse a graduanda Margarida da Silva, que também é da direção estadual do MST.

Edição: Thalita Pires