O segundo domingo de Agosto é quando se celebra o Dia dos Pais. Na busca de pensar outros modelos de paternidades que fogem ao padrão heteronormativo, o Brasil de Fato Pernambuco conversou com dois pais que vivem a experiência da dupla paternidade.
Saulo Uchôa, teraputa holístico e Jonatan Barros, enfermeiro sanitarista, decidiram após muitos diálogos adotar uma criança. Mas no processo da adoção acabaram adotando duas e hoje são pais de Bruno, que tem 11 anos e Vitória, de 13 anos.
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O processo burocrático da adoção foi visto inclusive como necessário pelo casal que, antes de tudo, teve que formalizar a união civil e após isso começaram a participar de um curso de aproximação dos casais pretendentes, também fizeram um processo de estudo e escuta com outros casais homoafetivos sobre o processo de adoção.
O processo de adoção homoafetiva é recente: foi em março de 2015, que a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu que casais homoafetivos têm o direito de adotar crianças, mas a primeira adoção que resultou na filiação de um casal homoafetivo no Brasil ocorreu na cidade de Bagé (RS), em 2005.
O primeiro contato do casal foi com Bruno, que estava numa casa de acolhimento juntamente com Vitória, no momento em que o casal inicia a aproximação, Jonatan prontamente se identicou e "quando a gente conversou com ele, eu entendi: é meu filho". Vitória, que estava junto neste momento, se transformou também em uma opção para uma dupla adoção. "Foi um momento muito especial, porque a gente não tinha conversado sobre isso, nem a possibilidade de ter uma segunda criança e ali surgiu uma uma certeza em mim", afirmou Saulo.
Saulo e Jonatan com seus filhos / Arquivo pessoal
Após a identificação mútua, Saulo e Jonatas se aventuraram no desafio da construção dessa paternidade entre dois homens, que recebeu acolhimento mas também alguns questionamentos entre a família, como relata Saulo ao dizer que sua mãe questionou a capacidade deles de cuidado "dois homens criando crianças, né? ela tinha ali alguns entraves e eu fui levando ela a reflexão sobre isso". Apesar do tensionamento inicial, atualmente a mãe de Saulo é parte da rede de apoio de casal e um acolhimento importante para eles.
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Sobre as datas comemorativas, eles estabeleceram que a celebração é em torno da família e suas mais variadas formas de serem vivenciadas. "A gente aqui instituiu o dia da família e agora no dia dos pais não tem dia dos pais, também é o dia da família. No sentido de que nós vamos homenagear cuidadores, pessoas que assumiram essa tutela energética de cuidado para com vocês", afirma Jonatan. Saulo complementa que esse tipo de comemoração pode ser um tema bem sensível, já que "tem uma diversidade de pessoas com suas ausências tanto da maternidade quanto da paternidade e que comemorar isso para mim não faz sentido", ressalta.
Os desafios da dupla paternidade seguem, mas Saulo e Jonatan se veem empolgados nessa caminhada que envolve uma escolha e uma responsabilidade. Para Jonatan, "a paternidade é uma escolha que a gente faz consciente ou inconsciente, né? Existe todo o movimento do ônus e o bônus disso. Então ser pai, de verdade, é conduzir e ajudar a conduzir nossos filhos, nossas crianças para que ele se tornem pessoas melhores". Saulo concorda e incentiva outros pais que desejem adotar crianças a se jogarem nessa experiência "é um caminho lindo também é uma trilha que enriquece muito a gente como pessoa, enquanto enquanto ser humano"finaliza.
